É engraçado como jogos de puzzle são um verdadeiro espectro de possibilidades e complexidades. Alguns são complexos, com milhões de opções para resolver problema simples, enquanto outros são mais contidos, com poucas peças e uma missão de encontrar como elas se encaixam. Mas isso não quer dizer que jogos mais “simples” não sejam completamente desafiadores, e Sushi For Robots é a prova disso. Criado pelo desenvolvedor espanhol Ludipe durante uma game jam e expandido para uma versão mais completa, o jogo é um exemplo de que ser sushiman não é nada fácil.
A proposta é bem simples: você tem uma esteira na qual sushi anda sozinho em cada nível, além de robôs em pontos da esteira que estão com fome e só vão embora se receberem o sushi da mesma cor deles. Você tem “adesivos” para colocar na esteira e em volta dela, que permite trocar a posição dos sushi ou, ainda, mudar a cor deles para melhor atender os robóticos clientes. Além disso, você tem um limite de turnos (bem apertado) para alimentar todos os clientes, ou eles vão ficar bem irritados.
Parece que seria bem fácil, mas essas fases conseguem entortar e fazer a cabeça de qualquer um esfumaçar de tanto pensar. Por mais que não sejam tantas possibilidades e seja fácil entender como cada engrenagem funciona separadamente, encontrar a forma com que a máquina de “Sushi For Robots” deve ser resolvida em cada nível é bem mais difícil do que parece. Sem um sistema de dicas interno (e, no meu caso, sem nem detonado na internet porque o jogo ainda não foi lançado), eu fiquei facilmente horas tentando entender como os sushi deviam pular de ponta a ponta para satisfazer os clientes.
É engraçado que talvez essa também seja a minha maior crítica? Ele tem elementos muito simples e uma proposta muito focada que não se alonga por mais tempo do que devia, mas a curva de dificuldade parece ter sido feita quase em um modo aleatório. Ao invés de introduzir as dinâmicas de como essas peças se relacionam aos poucos e ajudar o jogador a construir uma base de conhecimento sobre o puzzle, ele te joga em situações bem mais complexas logo nas primeiras 20 fases.
De verdade, eu tinha praticamente acabado de começado a jogar e já estava vendo coisas pularem de um lado pro outro em situações bem mais malucas do que eu esperava. Vários puzzles me lembravam até fases mais avançadas de Baba Is You, título conhecido pela loucura das possibilidades de suas mecânicas. Não que ser bem desafiador seja um ponto ruim por si só, mas uma curva de dificuldade construída dessa forma definitivamente pode afastar jogadores que não estejam tão dispostos a passar horas em um mesmo nível, por mais que gostem do pacote como um todo.
Visualmente, Sushi For Robots é tão bonitinho que até parece ser inofensivo. Os robôs são bem diferentes entre si, com ótimos designs e personalidades, e a cada 4 ou 5 fases você também tem um pequeno diálogo engraçadinho entre eles, sempre parodiando alguma coisa humana. Não é uma grande história sendo construída, são mais pequenas tirinhas de humor, mas é sempre um alívio cômico bem legal. Eu leria uma HQ desses robozinhos facilmente.
Se você gosta de puzzles, Sushi For Robots é um ótimo lançamento para o meio do ano. Com mecânicas simples de entender e difíceis de combinar, você sempre terá um bom desafio nas mãos com esses robôs famintos. Se preferir uma experiência mais tranquila, talvez valha a pena esperar algumas atualizações no futuro, que possam aperfeiçoar a curva de dificuldade do jogo. Mesmo assim, a satisfação ao conseguir terminar uma fase depois de horas é tão legal e recompensadora que não dá pra não recomendar esses sushis aos fãs do gênero.
Sushi For Robots será lançado para PC e Linux (via Steam) no dia 3 de agosto.
*Uma cópia do jogo foi gentilmente cedida ao CosmoNerd pelos desenvolvedores para a produção deste texto.