Shoot’em ups (ou no termo nacional correto, “jogo de navinha“) não só é uma fatia constante do mercado de jogos, mas é um dos pilares da ideia de existirem videogames desde o começo. Spacewar!, em 1962, antes mesmo da concepção de um jogo eletrônico ser algo, já tinha navinhas voando no espaço atirando umas nas outras. Mais de 60 anos depois é tão natural ver jogos assim como é um ouriço azul correndo, pegando anéis, ou o que raios seja Fortnite hoje em dia. Com tanta bagagem acumulada, novas propostas precisam se destacar de alguma forma e Super Space Club tenta fazer isso… convidando você a relaxar?
É engraçado pensar nisso dentro do estilo de jogo que deu origem, literalmente, ao termo “inferno de balas”, mas a proposta de Super Space Club é realmente ser a versão lo-fi dos games de navinha. Sem histórias complicadas, ou mesmo muito contexto para as batalhas especiais que ele apresenta, tudo é colorido, atmosférico e, realmente, sem tanta pressão. Facilmente, a melhor parte dessa vibe é a trilha sonora hip hop lo-fi que realmente poderia ter saído de uma compilação lo-fi do YouTube, com vocais bem tranquilos e bem cantados. De longe é uma das coisas que mais vou levar dele após as horas de jogatina.
Mecanicamente, a proposta é bem simples, na verdade. Você tem como opções 5 naves, 5 pilotos e 5 tipos de tiro (com apenas o primeiro de cada tipo desbloqueado no começo), que você vai combinando para experimentar diferentes tipos de estilo. Cada piloto tem uma habilidade especial (como criar um escudo temporário) e cada nave também tem características diferentes de aceleração e durabilidade. Depois disso, você clica em começar e tenta sobreviver por quantas ondas de inimigos conseguir.
Os controles demoram um pouquinho para acostumar, principalmente quando você percebe que eles seguem mais a ideia de jogos como Asteroids do que realmente um de navinha tradicional — o botão faz só você acelerar, mas sua nave ainda vai desacelerando conforme para de apertar, ou seja, dá pra fazer uns drifts no espaço muito maneiros desde que entenda como controlar as coisas. Além disso, em mais uma forma de simplificar clichês, sua vida e sua energia são um único recurso.
Parece ser apenas um detalhe, mas esse recurso único é o tempero especial do ato de jogar Super Space Club. Atirar muito repetidamente sem mirar direito também pode levar ao fim da sua partida — e tomar muito dano impede que você ataque de volta, criando um cabo de guerra entre ser ofensivo e defensivo que é bem legal. Não é necessariamente uma mecânica intrinsecamente relaxante, mas ela tem um ritmo bem gostosinho e controlável, que pode ajudar a entrar naquele estado de flow ao invés de criar momentos frustrantes.
E… meio que é isso? Toda vez que recomeça, você começa com as mesmas ondas de inimigos em uma cor e músicas diferentes, atirando e fugindo quando necessário. Até existe um sistema de missões, mas eu não entendi muito bem o propósito dele além de existir. O desbloqueio de novas opções de customização são feitas com a moeda do jogo, ganhada ao destruir naves, então é mais uma questão de continuar jogando até pegar tudo. Se você é uma pessoa que gosta de ir encontrando mais surpresas e conteúdo conforme o jogo passa (como eu), vai ficar um pouco frustrado em entender todo o potencial de Super Space Club logo nos primeiros minutos.
É difícil não definir Super Space Club como o jogo de navinha lo-fi porque eu acho que é realmente a melhor forma de resumi-lo. Com mecânicas simples e bons controles, dá pra ver que a experiência de jogá-lo ao som de uma boa trilha sonora é bem maior que a soma de suas partes. É uma pena que ele realmente seja bem mais raso em conteúdo do que parecia anteriormente (nada que atualizações pós-lançamento não resolvam). Pelo menos, se você gostar de jogar ele, sempre vai poder voltar pra relaxar um pouquinho mais entre estrelas, asteroides e tiros espaciais coloridos, então… bem-vindo ao clube, escolhe sua nave e vamos pro espaço.
Super Space Club está disponível para PC na Steam e chega no Xbox nas próximas semanas.
*Uma cópia do jogo foi gentilmente cedida ao CosmoNerd pelos desenvolvedores para a produção deste texto.