É muito legal como a definição do gênero de jogos rítmicos é, literalmente, “se você aperta uns botão no ritmo da música, tá valendo”. Seus diferenciais geralmente são na forma como esses botões são apertados, o que está na tela que vai indicar qual botão deve apertar ou, ainda, qual tipo de música está tocando enquanto você aperta botões. Mas um jogo que usa isso tudo só como UM dos elementos de uma experiência de festa eu nunca tinha visto… até jogar Super Crazy Rhythm Castle.
Eu não sei se você vai ter a referência na memória, mas lembra da Corrida do Gugu? Teve vários nomes, mas era um dos quadros dos programas dele que ele enchia o palco de tranqueiras, chamava de desafios e tinha que ter uma pessoa correndo que nem barata tonta, fazendo tudo na ordem até aparecer uma pessoa vestido de gorila, e a outra pessoa participando tinha que parar tudo pra colocar o “gorila” dentro da gaiola. Se você não se lembra, pensa em algum minigame de chefe de Mario Party, é o suficiente.
A ideia de Super Crazy Rhythm Castle é exatamente esse tipo de caos, mas ao invés de ser interrompido por alguém com uma fantasia questionável, você precisa parar o que está fazendo para um simples jogo rítmico, inspirado em Guitar Hero (vindo da Konami, a referência certa seria Beatmania, mas você entendeu), junto com até outros 3 desbravadores do estranho castelo.
Cada uma das fases do jogo tem um objetivo específico — destruir obstáculos em um labirinto, coletar sacos de dinheiro ou dar forças para abrir um portal dimensional — e ir bem na música é essencial pra vencer, mas não a única coisa. Você precisa, por exemplo, carregar lasers usando a música que está na tela, mas também precisa levá-lo ao lugar certo para ativá-lo, por exemplo. A sua eficiência em fazer todo o processo é o que determina quantas estrelas receberá ao fim da fase.
Vale ressaltar sobre a trilha sonora do jogo que, por mais seja estupidamente eclética e foque em vários ritmos diferentes, não é tão incrível e marcante quanto poderia ser, e já começa a se repetir logo na primeira dezena de fases. Funciona, e para um jogo party seria o suficiente, mas pra uma proposta mais focada na parte rítmica, eu queria ter lembrado mais das músicas depois de jogar. Essa falta de força nas músicas também acaba afetando o modo “extra”, focado só em acertar as notas (sem as fases malucas em volta), porque não tem tanta graça assim sem o resto do jogo.
Eu acho bem corajoso ter dois estilos de gameplay tão diferentes sendo juntados com cola quente, porque, se na teoria, parece que não funcionaria, na realidade é até divertido. Super Crazy Rhythm Castle não vai ser o novo Overcooked nem nada, mas usar a música como ferramenta (e não como objetivo final) é uma proposta bem interessante, que acaba sendo um respiro de personalidade em um gênero levemente saturado. Não que o visual do jogo também superajude a se destacar, mas a proposta consegue.
O verdadeiro problema é como esse jogo pode ser frustrante jogado sozinho. Eu sei que, claramente, a proposta de Super Crazy Rhythm Castle é focada em multiplayer, mas se a opção está ali, seria interessante que também fosse uma experiência legal. Mas é nesse momento que a falta de harmonia entre os dois mundos começa a ficar mais evidente. O que seria um momento de risada com seus amigos quando as coisas dão errado vira mais decepção se está sozinho, porque você sabe que vai perder ainda mais tempo, já que o jogo decidiu travar seus controles por 30 segundos.
Eu sempre aprecio novas ideias ganhando a vida e fico muito feliz que Super Crazy Rhythm Castle seja um exemplo disso. É estranha (de propósito) essa mistura que não se encaixa tão bem de jogo party com rítmico, mas que ajuda a criar o caos necessário para uma divertida tarde entre amigos. Tematicamente, ele poderia se destacar mais, principalmente com uma trilha sonora mais marcante, mas não deixa de cumprir seu papel em ser uma experiência, no mínimo, interessante. Só não tente jogar sozinho se não quiser se frustrar e se achar um incompetente, porque é possível também acontecer.
Super Crazy Rhythm Castle está disponível para PC na Steam, para PlayStation 4 e PlayStation 5, para Xbox One e Xbox Series e no Nintendo Switch.
*Uma cópia do jogo foi gentilmente cedida ao CosmoNerd pelo time de desenvolvimento para a produção deste texto.