Eu ainda lembro das tardes que passei jogando Bomberman quando criança, porque era realmente um joguinho bom por demais. Tanto as campanhas nos variados estágios e contra diversos chefes quanto o caótico multiplayer, o pequeno bombardeador branco sempre foi uma referência de diversão pra mim. Eu tenho certeza de que, além de mim, tem muitos fãs do jogo por aí que também têm esse sentimento. Dito isso, não sei o quanto as pessoas por trás de Super Bomberman R2 compartilham dessas memórias, porque ele é apenas a casca do que poderia ter sido uma grande novidade para a franquia.
Prometendo ser “o maior conteúdo que a série já teve”, não dá pra negar que Super Bomberman R2 não tem um menu cheio de opções, realmente; o problema é como elas são executadas. Ao iniciar o jogo, ele te direciona para o modo história, que mostra mais uma aventura da família Bomber tentando salvar planetas e seus novos amigos Ellons da destruição por um inimigo misterioso. As animações são bem legais e bonitas, mostrando a dificuldade do Bomber Branco em ser o irmão mais velho com piadinhas divertidas e boas caracterizações de personagem. É uma pena que o estilo das cutscenes não seja refletido no gameplay, cujos modelos 3D não poderiam ser mais genéricos e sem graça.
O modo campanha tem dois estilos principais de “fases”, o modo de exploração e o modo castelo, esse último sendo o principal modo multiplayer de Super Bomberman R2. Na exploração, você comanda o Bomber Branco em grandes mapas vazios tentando achar Ellons para abrir portões — parece muito que tentaram fazer um Sonic Frontiers, mas sem o dinamismo de movimento ou as coisas interessantes para encontrar. O modo castelo é uma versão Bomberman de tower defense, em que você deve proteger (ou atacar) alguns objetivos, fugindo de obstáculos e das bombas do time adversário. Jogando contra o computador, a IA é bem ridícula e nem o modo de fortalecimento da base faz muito sentido quando não há motivo pra isso.
É engraçado porque até a parte de explorar por si só também não faz muito sentido, já que a única coisa que você consegue achar são ícones que dão pontos de experiência. Só subindo de nível se consegue mais bombas ou mais poder de fogo, o que é incoerente, já que historicamente esses atributos são aumentados por itens que são encontrados por aí. Em teoria, um Bomberman focado em exploração seria bem interessante, mas não da forma que foi feita aqui. Fica pra próxima, quem sabe.
Com uma campanha sem graça, o modo multiplayer carrega o que vale a pena ser aproveitado em Super Bomberman R2. Além do modo castelo, outras três formas de jogar com os amigos (localmente ou online) estão disponíveis. Não que eles sejam exatamente incríveis, mas são bem mais divertidos que o resto. O modo clássico continua tão legal quanto nos anos de 1990, e o modo Grand Prix é uma variação interessante para jogar com dois times. Ainda há um modo battle royale muito parecido com os jogos 99 do Nintendo Switch, mas que não chamou tanto a minha atenção — a quantidade de caos desde os primeiros momentos acaba trazendo mais frustração do que o normal nesse formato.
É complicado recomendar a nova aventura do nosso garoto bomba com tantas ideias que parecem não ir a lugar algum. Um modo de exploração sem o que explorar direito, um tower defense sem muita estratégia e desafio, um visual cartunesco perfeito que é deixado apenas para as cutscenes… Super Bomberman R2 realmente é só a casca do que poderia realmente ser o jogo mais completo da franquia, mas que deixa muito a desejar. Pelo menos o modo clássico continua ali e chamar os amigos para estourar umas bombas ainda é muito divertido, só que fica complicado justificar 250 reais para ter a mesma experiência de 20 anos atrás (e ainda mais feia). Dessa vez, a bomba explodiu no lugar errado.
Super Bomberman R2 está disponível para PC na Steam, para PS4 e PS5, para Xbox One e Xbox Series e no Nintendo Switch.
*Uma cópia do jogo foi gentilmente cedida ao CosmoNerd pelos desenvolvedores para a produção deste texto.