O episódio 5 da 5ª e última temporada de Stranger Things, lançado pela Netflix em 25 de dezembro junto aos episódios 6 e 7, marca uma virada decisiva na guerra contra Vecna. Após o desfecho intenso do Volume 1, a série passa a explorar as consequências imediatas do plano do vilão, ao mesmo tempo em que aprofunda o papel de Will Byers como peça central do conflito. O capítulo aposta em múltiplos núcleos narrativos, todos convergindo para uma única pergunta: até onde será preciso ir para deter Vecna? Confira a nossa crítica e recapitulação do que rolou.
Resumo do episódio 5 da temporada final de Stranger Things
Will e a tentativa de invadir a mente coletiva
Depois do fracasso na tentativa de impedir o sequestro das 12 crianças, Will, Joyce, Mike e os demais sobreviventes recuam para os túneis próximos à estação de rádio. O reencontro com Lucas ferido evidencia o custo físico do confronto, mas também reacende a esperança quando Will explica como seus poderes funcionam. Diferente de Eleven, ele não controla suas habilidades à vontade: elas só emergem quando Vecna ou os Demogorgons estão próximos, como se ele drenasse energia diretamente da mente coletiva do inimigo.
Essa limitação, no entanto, leva a uma ideia extrema. Joyce propõe que Will tente acessar diretamente a mente de Vecna para enfraquecê-lo por dentro. Para isso, o grupo conclui que precisa de um Demogorgon como elo. A solução encontrada é tão arriscada quanto simbólica: reanimar o cadáver de uma das criaturas abatidas recentemente, usando energia elétrica improvisada.
O plano transforma a estação de rádio em um laboratório improvisado. Enquanto os preparativos avançam, Will e Robin compartilham uma conversa íntima sobre pertencimento, isolamento e futuro. A série volta a tratar, de forma sensível, da identidade de Will e de como a promessa de uma vida possível fora da guerra contra o Mundo Invertido pode ser o combustível emocional necessário para enfrentar Vecna.
Quando o Demogorgon é reativado, Will entra em estado meditativo e consegue acessar o covil mental do vilão. O sucesso da experiência é confirmado quando ele percebe a presença de Derek, Max e Holly dentro da consciência compartilhada.
Eleven, Hopper e o plano oculto do governo
Enquanto isso, Eleven e Hopper seguem no Mundo Invertido após a invasão à instalação militar. A fuga de Kali revela-se um ponto de ruptura para a Dra. Kay, que passa a expor, ainda que indiretamente, a dimensão de seu projeto. Em conversa com Eleven, Kali revela que o governo está repetindo os experimentos de Hawkins, usando transfusões de sangue para tentar criar novos indivíduos com habilidades especiais.
O detalhe mais perturbador é que essas transfusões estão sendo feitas em mulheres grávidas — e falhando. O sangue de Kali não é suficiente para replicar o processo. A implicação é clara: Eleven se tornou o verdadeiro alvo. A série reforça, assim, que Vecna e o governo operam em lados opostos de uma mesma lógica: ambos buscam controle absoluto por meio de corpos transformados em armas.
O diálogo também reposiciona Vecna não apenas como vilão, mas como produto de um ciclo de abuso institucional. Ainda assim, a narrativa não o absolve. Ao contrário, sugere que sua vingança apenas perpetua o mesmo sistema de violência que o criou.

Max e Holly tentam escapar do covil mental
No núcleo mais tenso do episódio, Max e Holly tentam encontrar uma saída do covil mental de Vecna. O espaço funciona como um labirinto de memórias, onde cada lembrança é uma armadilha potencial. A estratégia das duas é seguir as recordações mais antigas de Holly, acreditando que ali esteja a brecha para escapar.
A sequência conecta escola, biblioteca e a casa dos Wheeler, até que finalmente identificam a porta de saída. O plano quase funciona, mas Vecna retorna no momento crucial, ataca Max e inicia o processo de drenagem de sua energia vital — tanto no plano mental quanto no mundo real.
É nesse instante que Will interfere diretamente, assumindo o controle parcial de Vecna dentro da mente coletiva. Usando o vilão como um canal, ele avisa Max para fugir e mantém Vecna imóvel por alguns segundos. O esforço cobra um preço alto: Will é violentamente expulso da conexão e arremessado no mundo físico, desacordado.
A cena reforça uma revelação importante: a fumaça negra que conecta Vecna às criaturas do Mundo Invertido parece ser a chave de seu domínio. Quando o Demogorgon reanimado morre definitivamente, a mesma substância abandona seu corpo e o de Will, sugerindo que destruir essa “cola” interdimensional pode ser a forma mais eficaz de enfraquecer Vecna.
O laboratório e a descoberta final
No último arco do episódio, Nancy, Jonathan, Steve e Dustin chegam ao Laboratório de Hawkins no Mundo Invertido. Dustin teoriza que a barreira que protege o covil de Vecna funciona como um escudo energético, exigindo um gerador central. A busca pela fonte os leva a conflitos internos, ressentimentos antigos e discussões não resolvidas — especialmente entre Steve e Dustin, e entre Nancy e Jonathan.

A tensão emocional culmina na separação dos grupos. Nancy e Jonathan descobrem uma área do laboratório completamente derretida e solidificada novamente, livre de esporos. No topo do prédio, encontram uma esfera invisível suspensa no ar, pulsando com eletricidade. Dustin percebe o perigo tarde demais. A interferência causada pelo objeto impede qualquer aviso.
O episódio termina no exato momento em que Nancy dispara contra a esfera, encerrando o capítulo em um gancho direto e sem concessões.
Crítica do episódio 5 da 5ª Temporada de Stranger Things
Um episódio de transição com consequências graves
O episódio 5 de Stranger Things não entrega respostas definitivas, mas redefine o tabuleiro da temporada final. Will deixa de ser apenas vítima ou sensitivo e se transforma em ameaça real a Vecna. Ao mesmo tempo, a série expande o conflito para além do sobrenatural, colocando o Estado como força igualmente destrutiva. O resultado é um capítulo denso, fragmentado e carregado de presságios — exatamente o tipo de preparação necessária para o colapso que se anuncia.