Star Wars: A Ascensão Skywalker Star Wars: A Ascensão Skywalker

Star Wars: A Ascensão Skywalker | Crítica

Encerrar uma história possui um peso de responsabilidade enorme, cobrada de várias partes envolvidas, desde a concepção do roteiro, até a entrega ao público final. Agora, concluir a história de Star Wars, uma saga de nove filmes, que envolve gerações de fãs, mantendo a qualidade e profundidade na trama, respeitando o antigo e ainda assim oferecendo algo novo, é um desafio completamente diferente, ainda mais após as diversas críticas que vieram em relação ao Episódio VIII. Não à toa, J.J. Abrams retorna para encerrar a história que ele mesmo iniciou em O Despertar da Força, mas também para colocar um ponto final na saga como um todo, trazendo todo seu respeito pelos elementos clássicos e inserindo novos caminhos na história.

Star Wars: A Ascensão Skywalker traz essa mistura de Abrams, escolhendo seguir por um caminho simples e já conhecido pelo público, deixando parte daquela ousadia que Rian Johnson introduziu de lado, mas sem ter medo de arriscar em algumas decisões, mesmo que de forma contida. O resultado é um Episódio IX com pouca personalidade, repetição de fórmulas e acanhado, mas sem deixar de entregar uma conclusão fantástica, emocionante e épica. O caminho da força escolhido para encerrar a saga Star Wars é reconfortante.

Um dos grandes pontos chaves do Episódio IX é a entrega de respostas sobre questões levantadas tanto na nova trilogia, quanto na primeira iniciada em 1977. O ritmo em que o roteiro entrega novas informações é progressivo ao longo de todo o filme, é uma overdose de conteúdo que sai da tela do cinema para que o público possa ser envolvido pelo clima de finalização de uma história como essa. Não que seja negativa essa abordagem, mas falta a delicadeza de evoluir certas tramas do filme para que se tornassem mais fluidas. Da forma como foi feito, a impressão que fica é de que se tinha muita coisa para revelar, em um curto espaço de tempo, entretanto, é satisfatório.

Divulgação / Disney

O roteiro de Star Wars: A Ascensão Skywalker tem aparência de ter sido trabalhado para cobrir dois episódios de Star Wars, oferecendo o que, talvez, deveria ter sido Os Últimos Jedi na visão de Abrams e entregando a conclusão da saga de forma condensada. Em uma visão generalista, Abrams deixa de lado o que foi trabalhado no filme anterior e recomeça com a sua própria ideia, algo visto logo nos primeiros minutos de filme. Novamente, não que seja algo negativo, mas descartar conceitos apresentados, que já eram sólidos e permitiam uma abordagem mais ousada para o fim da saga, deixa uma sensação de que o diretor e o estúdio se renderam as críticas exageradamente negativas de fãs sobre o rumo da saga e planejaram um encerramento baseado no que o público já estava confortável, sem sair muito da zona de conforto.

Existem momentos ótimos dentro do filme, de fazer o público vibrar e aplaudir pela animação de estar assistindo tudo aquilo em um cinema, porém, o que pode ser surpresa para muitos, para outros será apenas aquilo que realmente estava esperando acontecer. A obviedade de alguns pontos da trama carrega muito da nostalgia que o roteiro possui, entregando algo que pode não parecer novidade, dando a sensação de mais do mesmo em alguns momentos, trazendo a repetição de uma fórmula segura para vender um produto em que se pode ter certeza de que será consumido com poucas discordâncias.

O coração do filme está em seus personagens, algo que essa nova trilogia acertou em cheio nos mínimos detalhes. A construção do caminho de cada personagem até aqui é perceptível, cada um possui sua função muito bem delineada dentro da trama e contribui para o encerramento deste capítulo. O destaque para o trio Rey, Poe e Finn é consequência de seus intérpretes por trás do papel. Eles são parte da alma que permite uma experiência fantástica em Star Wars: A Ascensão Skywalker. Os diálogos alinhados, a conexão emocional e as situações que são levados, conectam-se de tal forma neste filme que passam a sensação de que os três vivenciam as aventuras em uma galáxia distante há décadas. Assim como o trio Luke, Leia e Han é lembrado e adorado até hoje, os novos membros da saga cravam seus nomes na cultura pop para nunca mais serem esquecidos.

Divulgação / Disney

Falando de personagens, Kylo Ren mantém a profundidade e complexidade já apresentados nos dois episódios anteriores, adicionando ainda mais interesse por sua jornada neste filme, comprovando, mais uma vez, ser um dos personagens mais interessantes nesta nova trilogia. A interação entre Kylo Ren e Rey é essencial para o funcionamento e conexão do público com a trama do filme, é a chave para entender o motivo da existência e necessidade desta nova história.

Star Wars: A Ascensão Skywalker traz respostas surpreendentes e momentos épicos para o universo Star Wars. São sequências que ficarão na cabeça do público por muito tempo e reconhecidas por gerações próximas. A difícil decisão de apresentar uma história contida, que o público possa consumir sem muita reclamação, dando exatamente aquilo que os fãs esperam e, minimamente ousando de forma retraída alguma novidade, empobrece o que deveria ser uma conclusão mais excepcional. Mesmo com toda essa construção acanhada, o Episódio IX é fantástico para quem é fã e para quem realmente se entregar à nostalgia proposta. O resultado final é um filme incrível de ser assistido no cinema e pode, no futuro, virar um clássico.