Splinter Cell: Deathwatch - crítica da série animada da Netflix Splinter Cell: Deathwatch - crítica da série animada da Netflix

Splinter Cell: Deathwatch | Crítica da Série | Netflix

A nova série animada Splinter Cell: Deathwatch, que estreia hoje na Netflix, marca o retorno de um dos personagens mais icônicos do gênero de espionagem nos videogames: Sam Fisher. Criada por Derek Kolstad, roteirista de John Wick, a produção é a mais recente parceria entre a Ubisoft e o streaming, e busca atualizar o universo de Splinter Cell para um público que há mais de uma década espera por novidades da franquia.

A trama e o retorno de Sam Fisher em Splinter Cell: Deathwatch

A história se passa décadas depois dos eventos de Splinter Cell: Blacklist, mostrando um Sam Fisher mais velho e recluso, vivendo em uma fazenda na Polônia. Sua aposentadoria é interrompida quando a agente Zinnia McKenna (dublada por Kirby Howell-Baptiste) aparece ferida após uma missão fracassada. A partir daí, Fisher é forçado a retornar à ativa para enfrentar uma conspiração global que envolve antigas conexões pessoais.

Fisher, agora dublado por Liev Schreiber, substitui Michael Ironside, a voz clássica do personagem nos jogos. A troca pode causar estranhamento inicial, mas Schreiber entrega uma interpretação sólida, trazendo o equilíbrio entre o sarcasmo, a frieza e a humanidade que sempre definiram o agente do Quarto Escalão.

Uma nova abordagem para o gênero de espionagem

Com oito episódios de cerca de 25 minutos cada, Splinter Cell: Deathwatch aposta em ritmo acelerado e ação contínua, mesclando cenas de combate direto com missões furtivas, marca registrada da franquia. A série mantém o foco na tensão e no jogo de sombras que consagrou os games, ainda que em alguns momentos opte por sequências de ação mais convencionais.

A violência é um dos elementos que mais chama atenção. A produção não poupa o espectador de detalhes gráficos, evidenciando o perigo constante enfrentado pelos agentes. Essa escolha reforça a atmosfera de guerra secreta e destaca o contraste entre o realismo tático e o caos das operações de campo.

Conexões com os jogos e easter eggs para fãs

Para os fãs de longa data, Deathwatch oferece diversas referências à saga original. Há menções diretas ao clássico Chaos Theory, incluindo dois episódios finais intitulados “Parte 1” e “Parte 2”. Elementos como o som característico dos óculos de visão noturna e o retorno de personagens conhecidos — como Anna “Grim” Grímsdóttir — ajudam a situar a série dentro da cronologia da franquia.

O enredo também reintroduz a empresa Displace International, conectando a trama ao passado de Fisher e ao legado de Douglas Shetland, figura importante do universo dos jogos. Essas conexões ampliam o valor da produção para os fãs que acompanham a saga desde os tempos do Xbox original.

Um elenco de apoio eficiente e uma narrativa contida

Embora centrada em Fisher, a série dedica tempo ao desenvolvimento de McKenna, da líder Grim e do hacker Thunder, que completam a equipe do Quarto Escalão. O equilíbrio entre gerações dá um fôlego novo à narrativa, ainda que o roteiro se mantenha dentro das convenções do gênero de espionagem.

Splinter Cell: Deathwatch - crítica da série animada da Netflix

Kolstad imprime em Deathwatch o mesmo estilo que consagrou em John Wick: personagens disciplinados, regras próprias de conduta e um universo moralmente ambíguo. No entanto, por vezes a trama parece genérica, especialmente para quem espera a profundidade dos jogos originais.

Crítica de Splinter Cell: Deathwatch

Uma volta sombria e eficiente ao mundo de Splinter Cell

Splinter Cell: Deathwatch é uma adaptação competente que celebra a herança da franquia sem depender exclusivamente da nostalgia. A animação é fluida, a trilha sonora reforça o suspense e o tom adulto mantém a tensão do início ao fim.

Mesmo sem reinventar o gênero, a série entrega uma experiência envolvente e abre espaço para possíveis continuações. Para quem aguardava o retorno de Sam Fisher, a produção da Netflix é um lembrete de por que Splinter Cell continua sendo um dos pilares do stealth moderno — e, talvez, um sinal de que ainda há futuro para o agente mais enigmático dos videogames.