Se você tentar falar com um espírito, todos podem te ouvir. Essa é a premissa da franquia Sobrenatural desde sua estreia em 2011, e com Sobrenatural: A Origem, tal mensagem continua a ser utilizada. Não significa que seja algo negativo, mesmo que continue com o baixo orçamento. Trata-se de uma nova história que estabelece um padrão próprio, mantendo a base estética do diretor James Wan (Velozes & Furiosos) que dessa vez não teve nenhum envolvimento com o projeto.
Em eventos anteriores aos apresentados em Sobrenatural, Sean Brenner (Dermot Mulroney) e a filha, Quinn (Stefanie Scott) são aterrorizados por entidades misteriosas. A especialista em fenômenos paranormais Elise Rainier (Lin Shaye) se envolve no caso e busca uma forma de livrar a família do demônio.
A família afetada da vez consegue transmitir o mínimo de empatia. A busca de Quinn por sua mãe é um ponto de partida interessante para os desmembramentos da trama, mas o sofrimento físico da garota é tamanho que em certo momento a situação fica mais cômica do que assustadora. Atropelamento, perna engessada, protetor cervical e outros acessórios se tornam constantes na tela, mas Scott consegue não comprometer o filme. Seu pai vivido por Mulroney difere dos outros patriarcas do gênero pela ausência de capacidade intelectual, mas continua protocolar como quase todo pai de uma família assombrada é nesse tipo de longa.
O filme perde um pouco em relação aos antecessores pela ausência de Patrick Wilson e sua família. Nada muito grave já que mantiveram a personagem mais interessante, que é Elise (Lin Shaye). Dedicaram tanto tempo para desenvolvê-la que a médium sai chutando bundas espirituais pelo mundo do além, com direito a frase de efeito! Alívio cômico à parte, é através dela que é feito o principal elo de ligação entre os capítulos anteriores, tanto nas citações de outros personagens quanto na explicação da tal “origem”, como a união profissional com Tucker (Angus Sampson) e Specs (Leigh Whannell, o diretor). Tudo bem mastigadinho para os fãs da nova tendência de universo expandido nos cinemas.
Por falar no diretor, essa é sua estreia na tão desejada cadeira. Whannell tem muita experiência em roteiros do gênero (como em Sobrenatural: Capítulo 2 e na franquia Jogos Mortais), então manter a fidelidade ao subtítulo “A Origem” foi algo fácil, por mais que no original não exista esse termo. Também foi mantido o padrão estético dos outros filmes, mesmo que de forma mais contida e sem oferecer algo inovador. Pelo menos a graninha extra no orçamento tornou algumas coisas mais caprichadas, como o vilão principal.
A única crítica de destaque ao filme fica por conta do seu objetivo: se é para explicar e amarrar as coisas, algo a mais a respeito dos primórdios do antagonista deveria ter sido apresentado. Optaram pela resposta simples e genérica. Falta esse ‘time’ para a maioria dos filmes pipoca atuais: saber o momento de explicar (e executar isso de forma convincente), mas saber ainda mais tornar um personagem misterioso o suficiente para que sua explicação se torne algo redundante.