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Só se for por amor – 1ª temporada

Por anos somos bombardeados com séries musicais norte-americanas de sucesso, que conquistam legiões de fãs, mesmo que não sejam tão boas e percam o caminho no meio das temporadas longas demais, como Glee, e agora (na verdade, há algum tempo), é a vez do que é nacional. Mas nacional mesmo, com as nossas músicas, nosso jeitinho brasileiro, cheia de sotaques. Quem aí nunca sonhou em estar assistindo uma dessas séries cheias de música e se deparar com Evidências, de Chitãozinho e Xororó? Se você nunca sonhou com isso, é porque não sabia que era algo que precisava na sua vida. E Só se for por amor veio aí para te mostrar isso.

A história se passa em Goiânia, onde uma banda pequena, encabeçada pelo casal de músicos Tadeu e Deusa, viraliza e é convidada por uma gravadora grande para fazer um teste. Essa empresa pertence ao casal César e Ana Lígia, que agenciavam um grande cantor de sertanejo que falece no dia do seu maior show, levando, consigo, todo o investimento que haviam feito e obrigando o casal a ter que correr rapidamente atrás de um novo sucesso para não cair em prejuízo. No meio disso tudo, tem a jovem Eva, moça sonhadora, que foge de casa para tentar emplacar uma música que compôs o mais rápido possível.

Girando em torno desses três núcleos, a série da Netflix nos apresenta apresentar personagens interessantes, uma história simples, mas cheia de momentos decisivos e muita música boa.

 

O bom da história não tentar ser megalomaníaca é que dá espaço para desenvolver o nosso afeto pelos personagens, por exemplo. Os conflitos apresentados são bem trabalhados pelo roteiro. Temos, por exemplo, o desejo de Deusa em ser famosa, mas tão famosa, que seu rosto estampe sozinho outdoors e ônibus, o que a põe na encruzilhada clássica entre decidir pela carreira solo e o amor, mas com camadas interessantes, como o questionamento sobre se ela realmente precisa escolher entre um e outro. O envolvimento dela com Tadeu passa por diversas turbulências nesse meio termo e vamos acompanhando a trajetória de ambos.

Mas a série não gira exclusivamente em torno do casal, temos os dramas pessoais dos membros da banda – que são Patrício (meu favorito de longe), Nelton e Valdo – e até mesmo as dificuldades dela em se manter no mercado, buscando o próprio sucesso paralelamente à perda de Deusa como vocalista, e também temos a história de Eva. O arco dela, para mim, é péssimo, principalmente pelo fato de a personagem ser babaca com todo mundo ao redor dela, mentindo sem necessidade, por exemplo, para tentar conseguir o que quer. É muito mais interessante o arranca rabo entre Ana Lígia e César.

E temos a verdadeira protagonista de Só se for por amor, que está sempre incrível: a música. Para quem espera que só haja sertanejo, pode ficar aliviado, pois temos releituras de outros estilos musicais e artistas, como Pabllo Vittar, por exemplo. O roteirista alega que a série nasceu da sua vontade de homenagear a nossa música, uma grande paixão sua desde que se lembra por gente.

Para o elenco, escolheram músicos de verdade e, por causa disso, quase todas as performances puderam ser gravadas ao vivo, tendo algumas como sendo uma mistura de estúdio e ao vivo. Claro, algumas das atuações ali são bem fraquinhas, mas não atrapalha se você lembrar desse detalhe.

Só se for por amor é aquela série gostosinha para se assistir. É tão gostosinha, que me vejo esperando pela segunda temporada para saber o que vai acontecer com os personagens, com um cliffhanger bem bom no último episódio.