Hoje eu vim falar sobre um cogumelinho. O nome dele é Smushi. Ele foi levado por uma águia pra longe de casa e agora precisa achar sua família de novo. E tudo isso acontece durante, provavelmente, o jogo de plataforma 3D mais fofo, aconchegante e relaxante que eu já joguei na minha vida. Mesmo anunciado há alguns meses, Smushi Come Home foi lançado de surpresa durante a última Wholesome Direct e sempre chamou a atenção por se distanciar dos vários jogos de fazenda e gerenciamento que geralmente estão nas listas de “jogos para relaxar” que aparecem pelas redes.
A proposta dele é tão simples quanto eu fiz parecer no começo desse texto: sua missão é guiar Smushi, um pequeno cogumelo sentiente, por um bosque para chegar novamente à ilha que ele e a família chamam de casa. Essa proposta de menor escopo (e até mais intimista) é a principal força de Smushi Come Home: ele sabe que é um pequeno jogo fofinho e foca todos os seus esforços para te entregar essa experiência.
Até mesmo os problemas dos outros personagens, que se entrelaçam ao do nosso cogumelinho, são coisas bem mais pessoais e simples — como encontrar comida, ou restaurar algumas flores. Na verdade, eu já estou aqui defendendo Smushi como um dos melhores personagens dos jogos em 2023 porque os seus diálogos sinceros e seu sentimento constante de “o que eu estou fazendo aqui só tenho oito anos” é um dos vários aspectos que dão o charme do game e contribuem para a atmosfera aconchegante.
O visual mais low-poly e as músicas quase lo-fi também contribuem para um constante sentimento relaxante, sabe? Sim, eu estava jogando um jogo, eu tinha objetivos e desafios de plataforma (que vamos falar mais sobre adiante), mas, ao mesmo tempo, eu estava com o meu cogumelinho andando por uma floresta bonitinha, ouvindo uma musiquinha gostosa. É engraçado como vários jogos que tentam seguir por esse caminho caem em estéticas genéricas, mas Smushi Come Home mantém a personalidade da sua própria pequena floresta de calmaria.
Uma atmosfera sem um bom gameplay não faria de Smushi Come Home um jogo tão recomendável, mas, felizmente, essa também foi uma grata surpresa minha. No começo do jogo, Smushi sabe apenas pular e andar, mas logo você ganha os dois equipamentos principais que vão definir a forma de se locomover: o planador de folha (para distâncias horizontais) e os ganchos de escalada (para ganhar altura). Os controles são bem naturais e responsivos; dificilmente você vai ter problemas em andar pelo mundo. A única coisa que atrapalha um pouco é a temida câmera, que tende a enlouquecer com certas colisões do cenário, mas nada ao ponto de frustrar os jogadores.
Até porque, de certa maneira, o jogo tá longe de ser “o Dark Souls dos jogos de cogumelinho”. Mesmo quem não é um ás em plataforma 3D vai conseguir concluir o jogo sem muitos problemas com sua estrutura mais linear e seus objetivos bem claros (e marcados nos seus mapas). Os desafios de plataforma mais complexos sempre estão atrelados a objetivos secundários e, mesmo assim, são poucos. Se você gosta de explorar cada cantinho dos mapas, já vai ser o suficiente pra praticamente platinar o jogo e encontrar tudo o que ele tem a oferecer. Até as recompensas para esses desafios — novas formas de locomoção, outras cores de chapéu para Smushi e até fatos sobre cogumelos — são legais e valem a pena o pequeno esforço.
Não é sempre que um jogo sabe muito bem o que quer ser e faz isso com maestria, mas Smushi Come Home faz parte desse jogo seleto. Claro que várias arestas estão ali e não devem ser ignoradas, mas se você está em busca de um jogo aconchegante e quer fugir de mais um simulador de fazendinha, esse pequeno cogumelinho tem algumas horinhas de diversão que vão te fazer muito bem. Sério, olha ele, que fofinho, eu queria ser vizinho de um cogumelinho que fala!
Smushi Come Home está disponível para PC e Mac na Steam e no Nintendo Switch.
*Uma cópia do jogo foi gentilmente cedida ao CosmoNerd pelos desenvolvedores para a produção deste texto.