Sisu (2022) - Crítica do filme de ação Sisu (2022) - Crítica do filme de ação

Sisu (2022) | Crítica do Filme de Ação

Sisu (2022), dirigido por Jalmari Helander, revisita a estrutura clássica do cinema de vingança ao acompanhar Aatami Korpi, interpretado por Jorma Tommila, em uma jornada solitária durante os últimos dias da Segunda Guerra Mundial. O longa utiliza uma narrativa direta para explorar a obstinação de seu protagonista e a relação entre sobrevivência, guerra e território, ampliando a força do filme por meio de uma atmosfera visual marcante.

A trama começa quando Aatami, um garimpeiro vivendo isolado na Lapônia, encontra uma grande quantidade de ouro. O achado rapidamente atrai a atenção de um grupo de soldados nazistas, que toma o carregamento e tenta eliminar o garimpeiro. A partir desse ponto, a narrativa se dedica ao confronto entre um homem silencioso, moldado por um passado não revelado de imediato, e um inimigo que subestima sua resiliência. O filme transforma esse conflito em uma série de embates que exploram tanto a brutalidade da guerra quanto a obstinação individual.

Embora a estrutura seja familiar — um protagonista traído que busca recuperar o que lhe foi tirado — Sisu organiza essa fórmula de maneira direta, utilizando o cenário como elemento narrativo essencial. Filmado em locações reais, o longa se apoia em paisagens abertas, regiões áridas e cidades destruídas para construir um contraste entre o silêncio do ambiente e a violência que ocupa a tela. O ritmo controlado mantém a atenção nas imagens, permitindo que cada movimento e cada obstáculo enfrentado pelo protagonista contribuam para a compreensão de sua trajetória.

A quase ausência de diálogos também influencia a percepção do personagem. Aatami comunica-se através de ações, expressões e pequenas reações que revelam sua determinação e sua história pregressa. Antes mesmo das explicações surgirem, o público compreende que ele carrega um passado ligado à guerra e que sua resposta aos inimigos vem de um lugar de resistência. A reação dos soldados, que gradualmente passam a temer sua presença, reforça a força simbólica do personagem.

Outro ponto central é a relação do filme com o cinema de ação dos anos 1980. A invencibilidade quase mítica de Aatami dialoga com heróis que pareciam sobreviver a situações extremas sem explicações lógicas. Sisu abraça essa tradição e utiliza acrobacias, explosões e confrontos físicos que privilegiam efeitos práticos. Mesmo quando há uso de computação gráfica, o longa mantém foco em dublês e em elementos reais de cena, o que dá energia às sequências e conecta a narrativa com uma estética de ação mais tradicional.

Crítica: Sisu é um filme de ação honesto

Há momentos que se aproximam de códigos de trailer, com enquadramentos e escolhas musicais que rompem o tom mais contido do restante da obra, mas essas passagens não comprometem o conjunto. No clímax, a catarse funciona tanto pelo espetáculo visual quanto pela trajetória de Aatami e daqueles que ele ajuda ao longo do caminho.

Sisu entrega exatamente o que propõe: uma jornada direta de vingança ancorada em um protagonista incansável e em um cenário que funciona como força narrativa própria. O filme utiliza sua simplicidade para construir impacto e reafirma a capacidade do cinema de ação de ressignificar fórmulas conhecidas quando executadas com clareza e intenção.