O fundo do mar esconde diversos segredos para a humanidade. É o lar de criaturas estranhas e muitos mistérios. Silt, jogo indie de puzzle da Spiral Circus, bebe desta fonte para trazer possessão de peixes, enfrentamento de monstros marítimos e exploração as profundezas do oceano. Confira a crítica sem spoilers abaixo.
Em Silt, você controla um mergulhador sem nome que precisar explorar o fundo do mar e derrotar grandes titãs. O jogo oferece somente algumas linhas de texto no início para te contextualizar e te jogar nesse mundo hostil e cheio de desafios.
Sua principal arma é o poder de possuir os diferentes tipos de peixes. Ao usar essa habilidade seu corpo fica parado enquanto você passa a controlar o novo hospedeiro. Cada peixe possui características diferentes que vão te ajudar a resolver os diferentes puzzles encontrados. Alguns peixes podem passar em pequenos espaços, outros podem usar os dentes para abrir caminhos e aí por diante. Logo de cara você também percebe que existe um pouco de simulação no cenário, com peixes que interagem uns com os outros e com objetos. Os desafios geralmente envolvem você possuir dois ou mais peixes para liberar o caminho para então voltar para seu corpo e poder chegar até o final da tela.
Os puzzles nunca são muito difíceis, e geralmente é bem fácil descobrir o que se precisa fazer, mesmo com a narrativa obtusa do jogo. A estrutura das fases segue um estilo bem Zelda de oferecer algum gimmick que será repetido e usado novamente no chefe final. Além disso, também oferece dicas sonoras toda vez que se resolve um quebra-cabeça, no melhor estilo do jogo do pequeno elfo. Isso ajuda o jogador a saber que não tem mais nada a se fazer ali. Apesar dos desafios com pouca dificuldade, sempre que você morre, tem que voltar ao início da tela e refazer tudo. Isso pode ser um pouco frustrante, mas nunca irritante.
Além da habilidade inusitada do nosso mergulhador de escafandro, o visual é algo que salta aos olhos quando se joga Silt. O jogo possui um estilo de terror cartunizado que lembra uma mistura de Limbo, Inside e até com algumas referências lovecraftianas e de H. R. Giger. Apesar de não entender bulhufas do que estava acontecendo na história até o final, algumas cenas e alguns cenários são bem impactantes visualmente. Eu pessoalmente não gosto deste estilo de narrativa obtusa. Apesar disso, fica claro que o jogo está muito mais preocupado de passar uma vibe do que uma história e, nesse objetivo, ele é competente. Nesse caso, esse tipo de história funcionou muito bem.
Apesar de sua bela apresentação visual, em diversos momentos o jogo decide não incluir uma trilha sonora. Eu entendo que essa escolha estética está ali para passar a solidão do fundo do mar, mas acredito que uma ambientação sonora mais aparente ajudaria a estabelecer melhor o clima. Além disso, ajudaria a deixar algumas repetições de puzzle menos entediantes.
Silt é um jogo pequeno e charmoso, com puzzles simples mas gostosos de resolver. Sua ambientação é única e consegue com sucesso passar o clima alienígena do fundo do mar. Infelizmente, a experiência acaba sendo curta demais (terminei o jogo em uma tarde). Dito isso, fiquei com um gostinho de querer desfrutar um pouco mais do que a sua jogabilidade poderia extrapolar das mecânicas pré-estabelecidas. Como um primeiro experimento ele é bem-sucedido. Espero que tenhamos DLCs ou sequências para explorar mais essa ideia. Muito recomendado para aqueles em busca de uma experiência rápida, não muito difícil e com um clima bastante – pelo perdão do trocadilho – imersivo.