Os Sete Samurais é um dos filmes mais importantes do cinema mundial, fez tanto sucesso que inspirou outro grande filme do cinema americano: Sete Homens e um Destino. Mais de 50 anos depois, Antonie Fuqua, diretor de Dia de Treinamento e O Protetor, traz o seu queridinho Denzel Washington para um remake da obra mais pop e com um grande elenco.
Na trama, um empresário está explorando uma pequena cidade no oeste, mandando e matando quem ele quer. Uma moça procura mercenários para poder se vingar e tomar sua cidade de volta e encontra Denzel, um caçador de recompensas que junta mais 6 pistoleiros para ajudar a moça por dinheiro e pelo que é certo.
O roteiro é o principal problema do longa, é tão cheio de clichês que cansa. É clichê de enredo, clichê de personagem, de resolução…quase nenhuma cena do filme possui um elemento surpresa e você já sabe o que vai acontecer sempre com quase 1 hora de antecedência. A maioria dos personagens, apesar de carismáticos, são mal desenvolvidos e o vilão é tão caricato que parece que saiu de um desenho animado. Por falar em desenho animado, algumas cenas chegam a ser vergonhosas. Para dar um exemplo, cada um dos times tem um índio do seu lado(ambos mal desenvolvidos e só existem pelo valor estético), em um certo momento eles coincidentemente se enfrentam em um combate sem graça.
A impressão que dá é que os personagens e as resoluções foram construídos por uma criança de 10 anos, buscando o maior número de clichês possíveis: o oriental que luta, o índio arqueiro, o caçador de recompensas com honra, o mexicano criminoso…me espanta que Nic Pizzolato, criador de True Detective, seja um dos roteiristas.
Para não falar só mal do filme, tem alguns pontos positivos que o deixam até legal de assistir. O primeiro ponto é o elenco que faz milagre com o texto fraco e cheio de frases de efeito. Os personagens fracos conseguem pelo menos ser carismáticos, com destaque para Ethan Hawke que parece estar se divertindo muito durante o filme e entrega o único personagem que possui um arco dramático interessante. O resto do elenco está no automático mas entrega bem seus personagens. Denzel sempre como o paladino do grupo, Pratt fazendo o piadista de sempre, Lee Byung-Hun como oriental misterioso e com um tom animesco. O mais estranho é Vincent D’Onofrio que faz um personagem meio louco com uma vozinha estranha. É uma pena que os personagens sejam tão mal desenvolvidos que a gente não entenda muito bem suas ações.
A direção também consegue passar na média em alguns momentos, principalmente no quesito de fotografia. O longa entrega algumas cenas bem bonitas e fiquei feliz em ver que o diretor não procurou uma abordagem muito pop e contemporânea de direção, com algumas tomadas que remetem aos filmes antigos de bang bang. O ritmo do filme começa muito bem, o esquema de ir contratando os personagem e o primeiro tiroteio lembram muito uma primeira aventura de RPG, infelizmente isso se perde com uma cena de ação longa demais no final.
Sete Homens e um Destino é uma decepção, infelizmente. O filme aposta num roteiro óbvio, cheio de personagens e acontecimentos clichê e frases de efeito. A fotografia é bonita de se ver e o carisma dos atores salva a obra, mas é um grande desperdício de talento que poderia ter sido bem melhor aproveitado.