Nono episódio de Sense8 lida com a perda
Dos episódios que abordam apenas a parte dramática dos personagens de Sense8, nenhum deles tinha se destacado positivamente. Até agora. “A Morte Não Permite Despedidas” trata majoritariamente com a perda e como reagimos a essa situação (com direito a Knockin’ on Heaven’s Door na trilha sonora numa versão de Antony & The Johnsons, a música modinha da vez).
Começamos com Riley (Tuppence Middleton) que se conecta com uma misteriosa mulher não pertencente ao grupo dos oito. É revelado que a cidadã trabalhava na OPB, mas ajudou para que a DJ não fosse capturada na infância. Mais coisas descobrimos a respeito das conexões, como a sincronia de nascimento entre eles e a existência do Psycellium – uma espécie de sistema nervoso psíquico que os conecta e permite assim as interações. Outra coisa esclarecida para aqueles que não tinham percebido é em relação às visitas: se um sensate falar apenas na condição de visitante, sua voz soará apenas na mente do outro evitando assim constrangimentos públicos já que em várias situações um sensate parece estar falando sozinho – ou beijando caso você seja Will Gorski (Brian J. Smith). Além da questão didática, os momentos com o policial e Jonas Maliki (Naveen Andrews) colocam uma pulga atrás da orelha do público em relação a confiança.
Sense8 se acostumou a praticamente matar um personagem e no episódio seguinte mostrar a pessoa hospitalizada e com certa chance de vida. O quase morto da vez é o sogro de Kala (Tina Desae), que tomou facadas a perder de vista, mas lá está seu noivo banana a consolando (ele sequer parece se importar com o pai na UTI). A ideia de que curiosamente ele está nas mãos de Deus é engraçada, apesar de boba.
“A pior violência é a que cometemos contra nós mesmos”
Com Nomi (Jamie Clayton) as coisas são muito paradoxais. Quando ela tem a chance de se destacar como personagem ela até o faz, mas logo aparece Amanita com seus diálogos infantis e em certos momentos forçados (parece uma kriptonita!). A ex-hacker se conecta a Lito Rodriguez (Miguel Ángel Silvestre) que está numa fossa desgraçada após ser abandonado por Hernando (Alfonso Herrera), e é daí que surpreendentemente sai um dos melhores diálogos do episódio. A questão que fica é a partir de quando o garanhão mexicano vai resolver agir e mostrar que não é apenas um frouxo. Outro que parece ter tomado vergonha na cara é o pai de Sun (Bae Doona), que ao ver a filha se sacrificando pelo legado do velho o fez perceber que a verdadeira herança é o amor que outrora ele considerava perdido devido ao falecimento da esposa. Meloso demais mas é exatamente isso.
Até mesmo Riley que no começo parecia ter cumprido sua “cota” de tempo no episódio volta para acrescentar mais à sua própria trama em Sense8. Ao enfrentar seu passado pela primeira vez entendemos o porquê da garota ter um comportamento solitário e às vezes até destrutivo consigo mesma. Elá só precisará tomar cuidado, pos aparentemente a Islândia é um ninho de pesquisa da OPB.
“A Morte Não Permite Despedidas” carrega uma carga dramática crível que até então a série não tinha conseguido transmitir, seja pela qualidade de fato ou pela insistência dos heróis que continuaram após o desastroso episódio 6. O fato é que o bom nível foi mantido e agora os desmembramentos do plot de Sense8 estão fortalecidos.