Sexto episódio de Sense8 anda devagar – até encontrar Zoolander
Depois de uma cerimônia de casamento mal sucedida e cenas de ação que não serviram de nada, Sense8 avança para o episódio intitulado “Demônios” correndo o risco de se embaralhar de vez na trama, que mesmo arrastada anda um tanto complicada. Neste episódio, o vínculo entre os sensate começa a aumentar. Nomi (Jamie Clayton) tenta algo arriscado para se libertar, enquanto Sun toma uma decisão que provavelmente irá se arrepender.
Ao dar a dica que vai chutar o balde, parece que Nomi terá alguma relevância para o episódio em nível surpreendente. O que acontece nada mais é que um bate papo com a sogra sobre neurociência. Seu núcleo está definitivamente mal desenvolvido, sem limites para cenas de troca de carinho do nível “tudo vai ficar bem”. Parece que o fato de uma personagem ser lésbica e a outra transgênero é complexo o suficiente para não precisar acrescentar qualidade à narrativa e roteiro. Não! As coisas podem ser melhores aqui do que um drama barato, que também está mal desenvolvido.
No episódio 5 as conexões ganharam um pequeno avanço nas explicações, e o mesmo ocorre em “Demônios”. Os Sense8 estão aceitando melhor sua condição para terem coragem de manter um diálogo que dure o suficiente, como acontece com Will (Brian J. Smith) e Riley (Tuppence Middleton), que chegam até a entrar em contato via telefone, e no final da conversa ela é quem decide que vai dormir (pelo menos até a chegada do ‘Ben Stark’ Joseph Mawle). Outro casal que está se entrosando é Wolfgang (Max Riemelt) e Kala (Tina Desae), mesmo após o alemão estragar sua cerimônia de casamento numa forma alternativa de “fale agora ou se cale para sempre”.
A decisão que Sun (Bae Doona) tomou no episódio anterior se concretiza aqui, e a partir do momento em que está presa nossa coreana favorita passará por situações bem constrangedoras. Aliás o sexto episódio reserva a cena mais constrangedora até então, com a conexão dos sensate na hora do sexo. Mais uma vez, parece outra desculpa para uma passagem estética de peso (já foi mostrado esse tipo de conexão anteriormente, mas em menor escala), e o concurso de exibicionismo que ocorre antes da citada cena de impacto é digno do filme Zoolander de 2002, com Ben Stiller. A diferença é que Sense8 não é uma comédia pastelão.
Vendida e aclamada como a redenção dos irmãos Wachowski, a série Sense8 parece não sair do lugar. A premissa é interessante, alguns atores e seus respectivos personagens idem. Mas e o resto? A narrativa está desconexa, os diálogos péssimos (isso podemos colocar na conta de alguns atores também) e a trama não caminha. Já está nítido que a dosagem da série será essa, infelizmente.