Episódio 8 de Sense8 se redime como o melhor da série até então
“Conan, o que há de melhor na vida?”
O episódio 8 da série Sense8 dos irmãos Wachowski, intitulado “Seremos julgados pela coragem dos nossos corações” retoma o controle de qualidade que era possível vislumbrar desde a estreia com “Ressonância límbica” onde tudo não passava de uma aposta com premissa bacana.
O final de “O poder da literatura” deixou a impressão de que Wolfgang tivesse perdido seu melhor amigo Félix, o que (ainda) não ocorreu mas também não significa que o alemão esteja livre de futuras retaliações envolvendo o grande roubo operado pelos dois. Através de uma conexão com Kala é mostrado a origem da amizade entre os dois, onde há referências muito bem vendas de Conan. Como Félix nunca foi de brigas, fica a impressão de que ele enxergasse Wolfie como sendo esse cara pra ele, tanto na força quanto no espírito de liderança. Antes disso, vemos a indiana aos prantos enquanto assiste uma comédia no cinema de Bollywood.
No núcleo “Orange is the New Black”, Sun (Bae Doona) tem se saído bem. Agradou logo de cara por seu passado, e no trabalho da prisão tem inclusive ajudado sua nova amiga de costura. Logicamente os problemas mais sérios iriam surgir, afinal não é à toa que a maioria das mulheres estão ali e isso proporciona uma cena de ação muito boa, mesmo que tenhamos que relevar a demora na ação das agentes carcerárias.
Will Gorski (Brian J. Smith) e Rilley (Teppence Middleston) estão convencendo como par romântico. Talvez esse seja o arco dramático que mais tenha se conectado de forma convincente, apesar de serem fracos individualmente falando. A islandesa mostra ao americano sua casa, conta sobre seu pai e sua falecida mãe. além de impronunciáveis nomes de vulcões do país. Já um exemplo ruim de arco dramático é com Lito Rodriguez (Miguel Ángel Silvestre), mas que conseguiu ares mais positivos (para o público) impulsionados pela não tão inútil Daniela (Eréndira Ibarra) e seu “guarda-costas” Hernando (Alfonso Herrera), trazendo também a passagem que intitula esse episódio de Sense8.
Nomi (Jamie Clayton) também é outra com carga dramática forçada. Todo começo de episódio é a mesma coisa: A cyber-ativista diz que sua situação não é justa e sua namorada Amanita (Freema Agyeman) se limita a dizer “Não, não é mesmo”, e a partir daí rola a protocolar troca de carícias. Em “Seremos julgados…” não é diferente, mas assim como no episódio anterior, a dupla se redime, e a partir daí rola piada com absorvente falso, referencias a filmes de ação com Capheus “Van Damme” (Aml Ameen) e uma perseguição pra lá de maluca promovida pelo inimigo que agora possui um nome: OPB (Organização de Preservação Biológica) aparentemente administrada pelo ‘Sr. Sussurros’ (Terrence Mann). O mais interessante dessa cena é reparar na evolução das conexões entre os sensate, já que Nomi praticamente convoca Will e Sun.
O final intrigante nos faz pensar no que o destino reserva a Kala, que estava numa situação determinante com seu sogro até algo trágico acontecer. No mais, esse é o ideal para a nova realidade dos irmãos Wachowski: Sense8 peca (e muito) no aspecto dramático e também narrativo, mas manda bem nas cenas de tensão, sem contar que aqui as referências estão perfeitamente colocadas. Mérito para Andy e Lana Wachowski (não acredito que disse isso).