RRR: Revolta, Rebelião, Revolução - crítica do filme inadiano da Netflix RRR: Revolta, Rebelião, Revolução - crítica do filme inadiano da Netflix

RRR: Revolta, Rebelião, Revolução | Crítica do Filme | Netflix

O fenômeno cultural em torno de RRR: Revolta, Rebelião, Revolução, dirigido por S.S. Rajamouli, explica por que o filme em língua telugu se tornou um dos maiores sucessos globais recentes. Disponível na Netflix, o longa chamou atenção em diferentes países, retornou aos cinemas dos EUA em sessões especiais e transformou-se em um evento coletivo que resgata a força da experiência cinematográfica. Confira a crítica do filme indiano:

Drama, aventura e musical: RRR é o puro suco do que há de melhor no cinema indiano

Ambientado na década de 1920, durante o Raj Britânico, RRR combina melodrama, aventura, musical e ação em uma narrativa que acompanha dois protagonistas inspirados em figuras históricas: Komaram Bheem (N.T. Rama Rao Jr.) e Alluri Sitarama Raju (Ram Charan). Rajamouli os reimagina não como biografias, mas como heróis míticos cujos caminhos se cruzam em uma fábula anticolonial. O filme se concentra menos em reconstituir o período e mais em criar uma lenda visual que transforma uma história de resgate em um grande chamado à resistência.

A trama acompanha Bheem, líder da tribo Gond, que chega a Delhi para resgatar Malli, uma jovem sequestrada pelo governador britânico Scott e sua esposa. Já Raju, oficial colonial de impressionante disciplina, recebe a ordem de capturar um rebelde desconhecido — que ele não sabe ser o próprio Bheem. A amizade entre os dois nasce quando se unem para salvar uma criança de um acidente envolvendo um trem, em uma das muitas sequências grandiosas construídas por Rajamouli.

O que move o filme da Netflix

Essa relação, construída sobre identidades ocultas e objetivos conflitantes, move o filme. A força de RRR está justamente na maneira como Rajamouli filma a parceria dos protagonistas, usando a fisicalidade dos atores, a coreografia das lutas e números musicais como linguagem emocional. A famosa sequência “Naatu Naatu”, vencedora do Oscar, é exemplo do domínio do diretor sobre ritmo, movimento e espetáculo.

O filme também funciona como uma vitrine para o estilo maximalista de Rajamouli, que combina computação gráfica, pirotecnia, animais digitais, crowds massivos e ação estilizada. A violência, sempre coreografada com exuberância, faz parte do vocabulário do diretor, que trata seus heróis como símbolos de força coletiva. Assim como James Cameron, Rajamouli expande os limites do cinema popular ao transformar emoções simples em eventos épicos.

RRR: Revolta, Rebelião, Revolução - crítica do filme inadiano da Netflix

Ao mesmo tempo, RRR desperta debates por seu nacionalismo e pela representação dos britânicos como vilões de caricatura. Ainda que a abordagem esteja alinhada à mitificação que Rajamouli desenvolve ao longo da carreira, o contexto político do filme tem sido discutido por críticos que observam a presença de uma visão pan-indiana e de um heroísmo construído sobre arquétipos.

Crítica: vale à pena assistir RRR: Revolta, Rebelião, Revolução na Netflix?

Apesar dessas camadas, o impacto de RRR está no modo como o filme envolve o público em uma experiência coletiva rara no cinema atual. Muitas sessões ao redor do mundo reuniram plateias que vibraram, dançaram e reagiram a cada reviravolta, reforçando o potencial do filme como espetáculo popular.

Com ação coreografada de forma inventiva, protagonistas carismáticos e um domínio absoluto da grandiosidade, RRR reafirma S.S. Rajamouli como um dos diretores mais influentes do cinema indiano contemporâneo. E a Netflix garante que esse épico continue acessível a novos espectadores — ainda que, como muitos apontam, a tela grande seja onde ele realmente revela toda sua força.