Quando a série Round 6 fez a sua estreia no streaming da Netflix, logo virou a nova queridinha do público. A história é sobre um grande número de pessoas que têm entre si a similaridade de possuir enormes dívidas e que são chamadas para participar de um jogo que lhes dará a chance de uma vida nova. Desesperadas, não há qualquer motivo que faça com que parem de prosseguir na disputa. Nem mesmo quando participar pode custar suas vidas.
O que você faria para pagar milhões em dívidas? Seong Gi-hun (Lee Jung Jae) contava com as apostas, mas depois de ser surpreendido pelos agiotas, ele acaba aceitando entregar partes de seu corpo para quitar sua dívida, e se vê completamente perdido até que um estranho o convida para participar de um jogo. Se ele ganhar uma partida, recebe o total de 10.000 wons. Não é preciso dizer que o azarado Gi-hun não vence, e como ele não tem dinheiro para pagar, o estranho diz que pode pagar com o corpo, e lhe acerta um tapa. Com raiva e motivado, seu objetivo agora é revidar a agressão. Então ele joga diversas vezes, e perde muitas delas.
Ao final, o estranho lhe dá um cartão com um número e o convida para participar de outros jogos que podem render diversos wons a mais. Intrigado, mas esperançoso, Gi-hun volta para casa. Depois de pensar no que fazer, o azarado decide ligar para o número do cartão e aceita ir para o jogo. Para chegar ao destino, ele precisa esperar que um carro vá buscá-lo, onde encontra outros jogadores adormecidos e, rapidamente, ele também é apagado por meio de um gás.
Ao acordar, se vê em uma sala enorme com vários beliches, e uma outra roupa. Através de uma grande tela, todos podem ver a quantidade de participantes, sendo Gi-hun o número 456, o último participante a entrar no jogo. O primeiro deles começa logo após a explicação das regras.
Batatinha Frita 1, 2, 3 é revelado como o primeiro jogo, que consiste em chegar ao outro lado do campo em menos de cinco minutos sem ser pego por uma boneca gigante. Uma mistura de pega-pega e estátua, que se mostrava inocente e se revela mortal quando o primeiro eliminado é atingido por um tiro ao ser pego se mexendo.
Ao final desse jogo, que mistura nostalgia infantil com consequências mortais inesperadas, os jogadores sobreviventes decidem desistir. Não demora muito para que a maior parte deles escolha retornar para disputa e tentar mais uma vez sair da situação financeira em que se encontram. Quando os jogos voltam, um é mais desesperador e emocionante que o outro.
A angústia dos personagens em se manterem vivos atinge em cheio quem assiste. O detalhe principal, que faz com que Round 6 seja tão emocionante, é o fato de estabelecer uma conexão com o atual momento da humanidade, onde famílias fazem de tudo para sair do aperto financeiro. Outro fator de aproximação com a realidade é a escolha de brincadeiras infantis com um certo apelo popular para ilustrar os terríveis jogos, mirando na nostalgia do espectador. Porém, com pitadas da dureza e incertezas da vida adulta
Podendo ser comparada com Black Mirror e Jogos Mortais, a série tem diversos plots que levam o público das lágrimas de emoção às de ódio. As pessoas, ao serem colocadas em situações extremas, são capazes de fazer atrocidades pelo próprio bem-estar ou para a diversão de si e de outros, como sádicos que possuem dinheiro demais e veem os outros humanos como meros fantoches.
Em contraposição ao drama e à violência da série, a filmografia e a fotografia compensam em beleza. As cenas em que os competidores estão no salão principal mostram, de maneira crua, como pessoas desesperadas podem fazer de tudo para conseguir o que querem, principalmente se mantidas presas e sem nenhum contato com o exterior. As cenas com os jogos que misturam infantilidade com mortalidade são de fineza e complexidade elevadíssimas. Das cores usadas no corredor, às salas minuciosamente projetadas para cada partida, tudo é feito para dar uma falsa sensação de proximidade, e tentar tornar menos estressante as mortes que inevitavelmente acontecem – tarefa quase impossível, afinal, pessoas ainda estão morrendo ao seu redor, mesmo que você esteja em um tipo de super parquinho.
Dizer que essa série é uma das melhores, se não a melhor até agora, não é loucura. As produções coreanas estão ganhando mais espaço no ocidente, e mostrando a cada nova estreia que esse espaço pertence a eles por direito e muito merecimento. Inovadora, assustadora e extremamente envolvente são alguns dos adjetivos de Round 6. E que mais séries como ela estreiem daqui para frente.
Round 6, que levou em torno de dez anos para ser desenvolvida, vem conquistando um grande sucesso ao redor do mundo. Mesmo em pouco tempo de estreia, e com o final do nono episódio em aberto, é muito provável que haja uma segunda temporada para a série. Mas, como é de praxe da Netflix, essa confirmação talvez apenas seja dada em um ou dois meses para aumentar as nossas expectativas.