A segunda temporada de Respira, drama médico espanhol da Netflix, estreou na última sexta-feira retomando os dilemas éticos, pessoais e políticos que transformaram o Hospital Joaquín Sorolla em um campo de batalhas emocionais. Criada por Carlos Montero — o mesmo de Elite —, a série retorna com oito episódios dirigidos por David Pinillos, Marta Font e Abril Zamora, e um elenco liderado por Najwa Nimri, Blanca Suárez, Manu Ríos e Aitana Sánchez-Gijón. Confira a crítica da 2ª temporada.
A trama volta a explorar as tensões entre os bastidores da medicina e os conflitos humanos que atravessam os profissionais do hospital. Desta vez, o foco recai sobre a privatização do sistema público de saúde, tema que serve como espelho de discussões sociais e políticas na Espanha contemporânea. A personagem Patricia Segura (Najwa Nimri) enfrenta a doença e o desafio de manter o hospital independente enquanto luta por sua reeleição como presidente. O arco, embora potente, sofre com um desenvolvimento apressado que enfraquece seu impacto emocional.
O hospital entre a ética e o poder
Além da disputa política, a temporada apresenta novos rostos, como Sophie (Rachel Lascar), uma médica envolvida em uma pesquisa experimental sobre o câncer. Sua trajetória deveria ampliar a discussão sobre ética médica e ambição científica, mas a personagem desaparece antes de alcançar relevância. Ainda assim, sua relação com o Dr. Nestor (Borja Luna) cria momentos de tensão que equilibram o drama institucional com os dilemas pessoais.
Enquanto isso, Jesica (Blanca Suárez) continua no centro emocional da série. Agora chefe de cirurgia, ela tenta conciliar o trauma do passado com a pressão do cargo e o retorno de Biel (Manu Ríos), reacendendo o triângulo amoroso com Lluis. A série utiliza esse conflito como metáfora do embate entre razão e emoção, mas muitas vezes a execução atropela o desenvolvimento das relações, trocando profundidade por intensidade.

Crítica da 2ª Temporada de Respira, da Netflix
Um retorno ambicioso, mas irregular
A segunda temporada de Respira é visualmente envolvente e mantém o ritmo acelerado que marcou o primeiro ano. Porém, o excesso de tramas — de crises políticas a vícios e dramas familiares — dilui o peso das emoções. Há boas ideias, como a relação de Biel com o pai, Nicolas, e o arco de Rocio lidando com o vício, mas ambas as histórias acabam ofuscadas por um roteiro que não dá espaço suficiente para respiro.
Ainda assim, o elenco sustenta a narrativa. Najwa Nimri entrega uma performance marcante como Patricia, enquanto Manu Ríos e Blanca Suárez conduzem o drama emocional com naturalidade. Mesmo quando o roteiro se perde, as atuações mantêm a série viva.
A nova temporada de Respira amplia o escopo do drama, misturando política, medicina e conflitos pessoais em um ritmo quase ininterrupto. O resultado é uma temporada intensa, mas desigual — uma produção que prende pela energia e pelo elenco, ainda que perca profundidade ao tentar abarcar tudo ao mesmo tempo.