Um dos meus gêneros favoritos são os jogos de combate tático por turnos. Talvez, o principal motivo seja pelo meu amor aos boardgames. Quando soube que Red Ronin, jogo brasileiro desenvolvido pela Wired Dreams Studio, misturava puzzle com combate tático por turnos, já fiquei animado. Além disso, o jogo bebe de inspirações como Katana Zero e Hotline Miami, títulos pelo qual tenho muito apreço.
Em Red Ronin, você controla uma espadachim misteriosa em um cenário cyberpunk que busca vingança por ser traída pelos seus ex-companheiros. O jogo é dividido em salas com um grid quadriculado e seu personagem sempre se move até o final da tela ou até encontrar um obstáculo. A parte boa disso é que você sai retalhando todos os inimigos que encontra pelo caminho. A parte ruim é que você pode dar de cara com uma armadilha ou um inimigo mais forte. Além disso, toda vez que você se move, os inimigos se movem também, geralmente, na sua direção. Isso pode ser uma dificuldade, mas, na verdade, também é uma grande vantagem, pois você pode manipular o movimento dos inimigos a seu favor.
Essa limitação do movimento no jogo é o que gera o seu quebra-cabeça principal. O seu objetivo nas salas geralmente é matar todos os inimigos ou escapar de todas as armadilhas para chegar até o final. Felizmente, com o tempo, você vai ganhando novas habilidades, como fazer curvas no seu movimento, parar o tempo ou causar danos em inimigos em qualquer lugar do cenário. Essas habilidades são usadas gastando power ups coletados no meio do cenário. Existe também um modo tático para visualizar melhor os alcances dos inimigos e planejar melhor suas ações, colocando elementos no cenário.
Uma das coisas que mais gostei em Red Ronin é que, em pelo menos em uma boa parte das salas, existem diferentes formas de resolver o puzzle. Eu não sou muito fã de quebra-cabeças, mas adoro jogos táticos, em que você tem que adaptar sua estratégia ao modo que o jogo está naquele momento. Por causa disso, acabei sofrendo mais nas salas que tinham somente uma forma certa de resolver e me diverti bem mais nas salas onde eu tentava retalhar todos os inimigos da forma mais rápida possível.
Esse último quesito é um diferencial muito interessante do jogo. Quanto mais rápido mata seus inimigos, você vai subindo um marcador de combo. Isso serve para uma pontuação no final de cada fase e dá um fator de rejogabilidade interessante. Mas, o mais legal, é que ele mistura o pensamento rápido e um jogo em tempo real com uma mecânica de jogo de turnos. Mais à frente, quando o jogo mistura o tempo real com o movimento em turnos é quando ele realmente brilha. Você não só tem que pensar no movimento certo que precisa fazer, mas também tem que fazer isso rápido para evitar a morte. Os chefes e as fases que utilizam essas mecânicas são os mais difíceis mas também os mais divertidos.
Os gráficos de Red Ronin são um pixel art simples mas estiloso, e acredito que ele faz um bom trabalho em representar o mundo do jogo. Apesar disso, em alguns momentos, o cenário semi-3D me confundiu um pouco. A música também faz seu papel em dar um sentimento cyberpunk para o jogo e não vai te perturbar enquanto você quebra sua cabeça, sendo bem relaxante em diversos momentos.
Red Ronin conta uma história de vingança bem simples, com uma gameplay muito bem pensado. É impressionante o tanto de variedade de jogabilidade que pode ser encontrado em um jogo que dura em torno de 7 horas. Ele, talvez, te passe um sentimento de frustração, pois se você morre tem que recomeçar tudo. Mas, quando finalmente achar a solução, vai ter aquele momento “ahá” e será bem recompensador. Assim que você entende a pegada do jogo, vai se sentir um verdadeiro retalhador deixando os corpos dos seus inimigos no caminho. O jogo está na Steam por menos de 20 reais, e vale a pena dar uma conferida.