Sempre fui fã de histórias de investigação, é uma profissão muito romantizada nos livros e filmes, mas na verdade é um trabalho difícil e que exige bastante do profissional, como dizem na própria série, o trabalho do detetive de homicídios já começa na merda, pois já começa com alguém morto. A série Real Detective traz essas histórias reais desses detetives que revivem os casos que mais mexeram com eles.
A série mistura simulação com documentário, pois sempre traz uma encenação dos casos, alternando com entrevistas com os detetives descrevendo como foi passar por aquela experiência. A primeira temporada, disponível na Netflix, traz 8 histórias diferentes, cada uma com suas peculiaridades.
As dramatizações dos casos é geralmente bem competente, trazendo tensão e uma narrativa que geralmente não é chata. Algumas atuações poderiam ser melhores e algumas escolhas de filmagem ficam “TV” demais, com alguns truques meio bregas para deixar as cenas mais impactantes. Os roteiros, inspirados em fatos reais, geralmente prendem o espectador, apesar de que depois de alguns episódios a estrutura se repita um pouco. Por exemplo, algo bem comum é um fator “Scooby Doo”, onde geralmente o verdadeiro culpado já apareceu no episódio e o espectador vai montando as peças com o detetive.
Existem 2 grandes qualidades na série, a primeira é como ela trata o lado emocional das histórias. Você realmente se coloca no lugar daquelas pessoas, vítimas e detetive, principalmente por seres histórias reais e, apesar de ficar brega em certos momentos, existem cenas de grande emoção. Outro ponto positivo é a preocupação de mostrar todos os pontos importantes de uma investigação, em vários momentos vemos os detetives sem saída e a narrativa em off diz que já passaram dias ou semanas, então sentimos que o trabalho é hard, não existem momentos de muito heroísmo e qualquer coisa muito absurda chama atenção. Tudo isso obviamento por que são histórias reais, mas sabemos que a galera gosta de dar uma esticada, se houve isso aqui, não ficou aparente.
As entrevistas com os detetives reais era algo que poderia acrescentar na narrativa mas acaba atrapalhando, elas são usadas como uma narrativa em off, explicando coisas e o que passava na cabeça do protagonista. Isso é considerado uma estratégia barata de narrativa e acaba diminuindo a qualidade da obra. Outro problema é a forma como a câmera sempre está procurando e focando quando acontecem momentos de choro ou mais emoção, lógico que é emocionante ver que aqueles casos realmente marcaram aquelas pessoas, mas às vezes fica parecendo programa do Gugu. Algo legal que eles usam é colocar fotos reais dos personagens no final, eu acho isso bem melhor do que ter sempre o detetive real falando de 10 em 10 minutos, eu deixaria para colocar suas impressões somente no início e final de cada episódio, como é feito em Band of Brothers.
Real Detective é uma boa série que veio na onda de True Detective, inclusive é clara a inspiração, tanto no nome como na capa da Netflix. Não deixe que essa cara de imitação barata lhe engane, a série tem seu valor e é bem interessante de acompanhar. Eu não recomendo fazer maratona, tente ver um ou dois episódios por dia, pois as histórias podem ficar repetitivas. A nova temporada já estreou nos EUA e estou aguardando ansiosamente ir para a Netflix.