Quer Brincar de Gracie Darling? - crítica da série Netflix Quer Brincar de Gracie Darling? - crítica da série Netflix

Quer Brincar de Gracie Darling? | Crítica da Série | Netflix

A Netflix segue investindo forte em narrativas policiais ambientadas em pequenas cidades, um formato que se tornou recorrente no catálogo ao longo dos últimos anos. Dentro dessa tendência, surge Quer Brincar de Gracie Darling? (Playing Gracie Darling), série australiana criada por Miranda Nation e dirigida por Jonathan Brough, que chega ao streaming com seis episódios e reforça o interesse da plataforma por produções que combinam drama familiar, passado mal resolvido e investigações que abalam comunidades isoladas. Confira a crítica da série:

A trama de Playing Gracie Darling

A trama começa em 1997, quando Joni, Gracie, Jay e Anita se reúnem em um barraco nos arredores de uma cidade em Nova Gales do Sul para realizar uma sessão espírita. O encontro, que inicialmente parece apenas uma brincadeira envolvendo um tabuleiro Ouija, termina com Gracie em convulsão e abandonada pelo grupo. Vinte e sete anos mais tarde, Joni trabalha em um hospital psiquiátrico infantil e tenta equilibrar sua rotina com as filhas Mira e Lulu. A tranquilidade termina quando ela recebe a notícia do desaparecimento de Frankie, sobrinha de Gracie — um caso que apresenta paralelos diretos com o ocorrido no passado.

De volta à cidade natal, Joni reencontra Jay, agora policial responsável pela investigação oficial. Paralelamente, ela inicia sua própria apuração ao conversar com colegas de Frankie, entre eles Raffy, filha de Jay e Anita. Esses jovens relatam experiências envolvendo o suposto espírito de Gracie e uma entidade chamada Levi, o que reacende a culpa de Joni e a impulsiona a buscar respostas sobre posses, desaparecimentos e sobre o que realmente aconteceu naquele barraco em 1997.

A série se apoia em códigos conhecidos do gênero: amizades rompidas, conflitos antigos, pais carregando traumas e suspeitos que surgem apenas para reforçar julgamentos precipitados. O diferencial está no elemento sobrenatural, que aparece como fio condutor, mas é menos explorado do que poderia ser, deixando espaço para temas como culpa, religião e memórias traumáticas.

Visualmente, Quer Brincar de Gracie Darling? apresenta uma identidade irregular. A gradação de cores varia de forma brusca entre sequências, criando uma sensação de instabilidade que nem sempre favorece a narrativa. O tom também oscila com a inclusão de momentos sensuais que destoam da seriedade do mistério central. Mesmo com apenas seis episódios, a série demora a atingir seu ponto decisivo e encerra a história de forma abrupta, deixando lacunas que podem frustrar parte do público.

Quer Brincar de Gracie Darling? - crítica da série Netflix

Crítica: vale à pena assistir Quer Brincar de Gracie Darling? na Netflix?

O elenco reúne nomes experientes e jovens talentos. Harriet Walter retorna à TV em participação marcante, enquanto Morgana O’Reilly conduz grande parte da carga dramática. Kristina Bogic, embora central, acaba prejudicada por escolhas de roteiro que limitam seu desenvolvimento.

Para quem acompanha assiduamente os mistérios de cidade pequena oferecidos pela Netflix, a série funciona como mais uma peça desse formato. Para quem busca algo fora da curva, talvez não alcance o impacto esperado.