Assistimos os 6 primeiros episódios de Punho de Ferro e contamos para você as nossas primeiras impressões!
Virou tradição falar da “fórmula Marvel”. Com quase uma década no mercado, já é possível traçar uma identidade dos filmes baseados nos quadrinhos da editora. Ainda que em menor número, tal sentença também pode ser aplicada ao universo de séries derivadas da parceria com a Netflix. Punho de Ferro é mais um fruto dessa árvore, mas que não carrega o mesmo sabor de suas irmãs.
Desde a primeira temporada de Demolidor, o cerne dessas atrações ficou bastante claro. Um tom mais pesado que consegue manter um diálogo com o material base. Jessica Jones e Luke Cage seguiram o mesmo caminho, ainda que tenham despertado uma recepção mista entre os espectadores. Os holofotes se voltaram para a série do Punho de Ferro, que carregava a expectativa de representar uma quebra nesse ciclo. Sendo sincero, até consegue realizar a tarefa. Mas não da maneira correta.
Pelo menos 4 dos 6 episódios são utilizados para apresentar Danny Rand e suas motivações. Retornando para casa 15 anos após um acidente que tirou a vida de seus pais, ele busca seu lugar em um mundo que já não conhece mais. Existe uma batalha interna para equilibrar sua vida pessoal e sua obrigações como o protetor da cidade sagrada de K’un-Lun.
Porém, é um desenvolvimento bastante deficiente. Um ritmo mais cadenciado, se bem trabalhado, pode tornar-se um trunfo. Aqui, joga contra as intenções da série. Não existe nada de interessante ou complexo que necessite de 4 horas de construção. E para complicar, os coadjuvantes que cercam Danny não facilitam a vida do espectador.
A ausência de um subtexto marcante como vimos em Luke Cage e Jessica Jones acrescenta um ar de leveza para a série. Não existe nada que levante questionamentos morais ou sociais, pelo menos não tão bem construídos. O foco está na missão do protagonista e em como ele vai completá-la. É bem mais simples do que se podia imaginar, pelo menos até onde vimos.
Por outro lado, Punho de Ferro escolhe se aprofundar no lado místico desse universo. O que vimos na segunda temporada de Demolidor ganha mais importância aqui. Apesar de algumas referências, as consequências das produções passadas não reverberam na série. Os mais radicais podem questionar se é realmente necessário acompanhar cada lançamento, mas existe um certo prazer em analisar individualmente cada peça desse quebra-cabeça.
Mas o maior pecado de Punho de Ferro reside naquele que deveria ser o seu diferencial: as cenas de luta. As coreografias e cortes não convencem e passam longe de retratar toda a habilidade de alguém conhecido como A Arma Viva. Não espere o mesmo esmero presente na primeira temporada de Demolidor, por exemplo.
Finn Jones até segura a bronca, mas seu talento é limitado e o roteiro não ajuda. David Wenham não está em sua melhor forma, sendo mais uma vítima da trama. Quem ainda se destaca é Jessica Henwick, que sofreu durante as gravações para entregar momentos decentes de ação. Existe uma certa recompensa aqui. Talvez o maior culpado seja o showrunner Scott Buck. Ele tem no currículo a excelente Six Feet Under, mas também esteve por trás das piores temporadas de Dexter. Uma aposta arriscada que sentiu o peso da responsabilidade.
O acordo com a Netflix não permite a divulgação de spoilers, mas existe um gancho no último episódio que deixa no ar uma sensação de que as coisas irão melhorar. O que pode ser essencial para evitar que a série se transforme em um tapa buraco que serve apenas para apresentar o último Defensor. Lutar contra sua própria fórmula é a maior batalha da parceria entre Marvel e Netflix ¯\_(ツ)_/¯
Punho de Ferro estreia no dia 17 de março e ao longo do mês iremos lançar algumas matérias especiais sobre o personagem e sua série. Fique ligado 😉