Powerless: o lado despretensioso da DC Comics na TV

Enquanto super-heróis destroem cidades se enfrentando, e de vez em quando batendo em alguns vilões, esquecemos que existem pessoas ao redor de toda a confusão. Como elas encaram tudo isso? Os inúmeros prejuízos financeiros e emocionais, mortes, atrasos para o trabalho e etc. Powerless, nova série da NBC e a primeira comédia da DC Comics na TV, surge para responder essa questão. Pelo menos essa era a ideia.

A empolgada Emily Locke (Vanessa Hudgens) é contratada pela Wayne Security, uma subsidiária das Indústrias Wayne, para fazer com que a equipe de engenheiros crie novos dispositivos capazes de diminuir os efeitos colaterais de uma rotina cercada por imensas batalhas. Além, é claro, de salvar a empresa do fundo do poço. Mas, apesar da ótima premissa, o episódio piloto de Powerless é bastante defeituoso.

É fácil associar com outras “séries de escritório” como Parks and Recreation e The Office, mesmo que não chegue nem perto de ambas. O humor, que deveria ser o diferencial, não rende os melhores momentos do episódio. Nem mesmo a presença de figuras carimbadas do gênero, como Danny Pudi (o Abed de Community), torna o cenário melhor.

A série foi criada por Ben Queen, que já trabalhou em outras produções para a TV como Drive e De A a Z, além de ter escrito o roteiro de Carros 2 (não é algo que se coloque no currículo). Talvez isso explique os deslizes do episódio piloto.

Mas, se o humor falha, Powerless compensa com referências dos quadrinhos. Uma tonelada delas. Em termos de HQ’s, a série é como uma versão menos brilhante de Marvels, mas sabe utilizar seu material base. Só que como Charm City é uma cidade fracassada, tornou-se lar dos vilões de 8ª categoria da DC Comics. Porém, se bem trabalhado, pode ser interessante ver alguns personagens esquecidos – e desconhecidos – ganharem vida na telinha.

Tanto que o vilão do piloto é Jack O’Lantern, que aposto que você nem sabia que era um vilão das HQ’s. No campo das referências, temos Bruce Wayne, Batman, Coringa, Gotham City e até uma alfinetada em alguns produtos recentes da Warner/DC Comics(cof cof Batman vs Superman cof cof). Também temos a presença de Marc McClure, que interpretou Jimmy Olsen nos filmes do Superman estrelados por Christopher Reeve. Aqui ele vive o pai da Emily.

Outra ideia interessante está na abertura da série, que pega capas das histórias de grandes personagens como Flash e Lanterna Verde, mas dando o foco para os rostos assustados das pessoas. Aposto também que você nunca parou para notar esse detalhe.

Já que o universo de séries da DC Comics estabeleceu o Multiverso, Powerless tem campo livre para desenvolver sua premissa sem se preocupar com a barulheira dos vizinhos. Também não é impossível pensar em algum tipo de crossover, que sempre ajuda na questão da audiência.

Mas, baseado no episódio piloto, Powerless ainda tem muito o que melhorar, especialmente em seu humor. Referências são legais, mas não seguram um programa sozinhas. Essa é a hora de provar que o pessoal da DC Comics sabe se divertir, pelo menos na TV ¯\_(ツ)_/¯