Por Inteiro (All of You), novo longa disponível no AppleTV+, combina romance e um toque de ficção científica ao explorar como a tecnologia pode interferir em questões sentimentais. Dirigido por William Bridges e coescrito por ele em parceria com Brett Goldstein, a produção levanta uma pergunta central: até que ponto algoritmos podem definir o amor verdadeiro? Leia a nossa crítica do filme.
A trama de Por Inteiro (All of You)
A história acompanha Simon (Brett Goldstein) e Laura (Imogen Poots), melhores amigos desde a época da universidade. Laura decide participar de um serviço chamado Soul Connex, que promete identificar a alma gêmea de uma pessoa a partir de um exame ocular. Simon, no entanto, nunca acreditou nesse tipo de método, até porque sempre nutriu sentimentos por Laura.
O teste aponta Lukas (Steven Cree) como a verdadeira alma gêmea de Laura, e ela acaba se casando com ele. Mesmo assim, os anos seguintes mostram que a ligação entre Laura e Simon permanece forte, o que acaba resultando em um caso extraconjugal cheio de paixão e dilemas morais. O longa se concentra justamente nesse triângulo amoroso e nas consequências emocionais de acreditar que a ciência pode ditar as escolhas do coração.
Química entre Brett Goldstein e Imogen Poots
O grande trunfo do filme está na interação entre os protagonistas. Goldstein e Poots entregam atuações que destacam a naturalidade de uma amizade longa e, ao mesmo tempo, a intensidade de um romance reprimido. A relação entre Simon e Laura convence tanto nas trocas bem-humoradas do cotidiano quanto nos momentos em que a atração transborda.
Esse elemento é o que sustenta a narrativa, mesmo quando a premissa científica do teste de compatibilidade não é aprofundada de forma satisfatória. O público se mantém interessado principalmente pela dinâmica entre os personagens, que transmite um sentimento de proximidade e realismo.
Black Mirror?! A ficção científica como pano de fundo de Por Inteiro
Embora o longa traga a proposta de um futuro próximo em que algoritmos decidem quem deve ser o par ideal de cada pessoa, essa ideia serve mais como gatilho narrativo do que como reflexão central. A tecnologia é apresentada de forma superficial, funcionando como justificativa para adiar a inevitável aproximação de Simon e Laura.
Nesse sentido, o elemento de ficção científica poderia ter sido explorado de maneira mais profunda. Ao apresentar o teste como algo supostamente infalível, o roteiro cria barreiras para um desenvolvimento emocional mais complexo, já que limita as escolhas dos personagens.
Pontos fortes e limitações da narrativa do filme AppleTV+
Entre os pontos positivos, destacam-se a química entre os atores, o tom espirituoso dos diálogos e a forma como o filme aborda a tensão entre amizade e romance. O público que aprecia histórias centradas em conexões pessoais deve encontrar no longa momentos envolventes.
Por outro lado, o roteiro perde força ao longo da segunda metade. O caso entre Simon e Laura, inicialmente carregado de emoção, dá espaço a conflitos externos, como oportunidades de trabalho em outros países, que desviam o foco da trama principal. Além disso, a resolução final carece de maior impacto, deixando a sensação de que a jornada poderia ter sido mais intensa.
Crítica: vale a pena assistir Por Inteiro?
Por Inteiro (All of You) não reinventa o gênero, mas encontra espaço no catálogo da AppleTV+ (clique aqui para assistir) como um drama romântico que aposta na química de seu casal principal. O filme questiona até que ponto a ideia de “alma gêmea” pode ser definida por ciência ou tecnologia, ao mesmo tempo em que mostra como sentimentos humanos escapam de qualquer cálculo.
Mesmo sem desenvolver totalmente seu potencial de ficção científica, a obra se sustenta pela força das atuações de Brett Goldstein e Imogen Poots, que tornam convincente a história de amor e amizade marcada por escolhas difíceis.