Quando o primeiro trailer de Pokémom Go saiu, eu fiquei bem descrente. Imaginei que o novo jogo da Niantic não teria aquele impacto que a propaganda mostrava, com o mundo todo unido para caçar pokémon. Além disso, a jogabilidade parecia simples e sem graça, não imaginei que faria tanto sucesso e seria um evento social tão grande como está sendo. Felizmente, eu estava errado, e eu percebi isso quando vi esse vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=SDsiJCQSmvk
Um simples Vaporeon ( que nem é essas coisa de raridade) aparece no Central Park e várias pessoas correndo e saindo dos seus carros para pegar o monstrinho. Pokémon Go é um evento social que está mobilizando milhões de pessoas em um hobby comum, dessa forma podemos analisar algumas coisas bem interessantes sobre o jogo e como ele influencia nossas relações com as pessoas e com a cidade que vivemos.
Primeiramente, Pokémon Go fez eu andar até o supermercado e a ajudar minha mãe com as compras hoje, algo que eu não fazia a muito tempo. Enquanto eu andava com ela , explicava que não era um jogo de crianças, era um evento social que muita gente no trabalho e na faculdade estavam participando. Apesar da tecnologia por trás do aplicativo ser simples, eu tenho um pouco de trabalho e me divirto em explicar para os meus pais como o app funciona, dessa forma eles entendem até melhor qual é minha área de trabalho e estudo, os jogos e mídias digitais.
Por falar nisso, Pokémon Go é o novo hobby em comum no mundo inteiro. Pessoas estão se reunindo para conversar, discutir, está saindo reportagens no jornal, pessoas de várias idades estão jogando, pessoas que não estão acostumadas com jogos e que não sabem o nome de nenhum pokémon. Vamos lembrar que ele é um jogo novamente. O evento social que ele se tornou está mostrando que jogos não são coisa de criança e que você nem precisa ser um nerd que sabe o nome de todos (quanto são mesmo? ) os pokémon para se divertir. Eu, como profissional das mídias, fico muito feliz com isso, mostra que esse mercado só cresce. É lógico que o jogo tem gigantes por trás como a franquia dos monstros de bolso e a própria Google. É lógico que seu sucesso depende disso, o próprio Ingress da Niantic e Google que veio antes nem fez esse sucesso todo. Mas esse app está mostrando o poder que jogos portáteis nos celulares podem ter.
Outro impacto interessante que o jogo está causando é a relação entre as pessoas e sua cidade. Eu descobri que no meu bairro existe um pokéstop numa lojinha de artigos para festa que possui pinturas de desenhos animados na parede. Perto da faculdade, existem pontos em pichações e estátuas que não tinha notado ainda. Muitas pessoas estão marcando de se encontrar em pontos específicos para se divertir e trocar figurinhas, outras pessoas estão descobrindo locais novos na sua cidade e agora estão marcando de ir ao local pela primeira vez na esperança de descobrir novos monstros. Na internet já existem vários relatos de pessoas com ansiedade e fobia social que estão saindo de casa pela primeira vez depois de meses com o objetivo de caçar pokémon. Mais uma vez, é um jogo. Uma obra de entretenimento que está fazendo as pessoas sair de casa e interagir em um gosto comum, exatamente o contrário da fama dos jogos de tornar as pessoas antissociais e estranhas.
Lógico que existem alguns downsides que podem ser melhorados com o tempo. A maioria dos pokéstops são em regiões centrais das cidades e o subúrbio parece ter sido atacado por um vírus que matou todos os bichinhos. Também existem shoppings que estão usando itens para que os monstros apareçam mais por lá e chamar mais pessoas, infelizmente chamando os jogadores para locais que já são conhecidos por todos. A questão da criminalidade também é um problema, fazendo com que as pessoas tenham medo de sair de casa com medo de encontrar um Bulbassalto. Outros não podem jogar porque possuem celulares antigos. Isso gera uma sensação de exclusão onde você não se sente inserido na sociedade naquele momento. Pokémon Go não é diferente de um Master Chef ou Olimpíadas agora, boa parte da sua graça é a interação social e a troca de experiências, seja pessoalmente ou pela internet. A jogabilidade fraca do jogo é recompensada por esse fator social muito forte.
Existem muitos outros pontos a se falar aqui mas vou ser breve ( também tenho que caçar meus pokémon por aqui!). Nem vou me estender com a polêmica sobre CIA e roubo de dados, basta você se perguntar quantos dados você oferece no seu Facebook ou quando usa o Google todos os dias, não chega nem perto das informações que você vai oferece com o app. Pokémon Go acessa sua câmera? Facebook também. Ou você é daqueles que não posta fotos? Sua localização? O Google já tem a muito tempo. Para os haters só digo isso: Deixa os menino brincar.