Estreia do AppleTV+, o episódio 7 de Pluribus, intitulado “A Lacuna”, desacelera ainda mais o ritmo da primeira temporada para observar, quase em silêncio, a solidão de seus dois principais focos narrativos: Carol Sturka e Manousos Oviedo. Criada por Vince Gilligan e estrelada por Rhea Seehorn, a série usa este capítulo como uma pausa contemplativa antes do desfecho, ainda que essa escolha traga consequências claras para o impacto dramático da história. Confira a nossa crítica e resumo do que rolou no episódio 7:
Recapitulação do episódio 7 da série Pluribus
O que acontece em A Lacuna
O episódio 7 começa com Carol parando em um posto de gasolina no caminho de volta para casa. Como já virou hábito, ela faz um pedido específico ao sistema automatizado — Gatorade vermelho — mas aproveita o momento em que o drone está ocupado para encher o carro com fogos de artifício. O gesto antecipa o tom do episódio: pequenas ações que tentam preencher um vazio crescente.
Já se passaram 12 dias e 20 horas desde o último grande contato, e Carol está novamente sozinha em Albuquerque. À noite, ela solta fogos de artifício no quintal, misturando o som das explosões aos uivos dos lobos que rondam a região. A tentativa de criar algum tipo de ruído ou presença revela mais desespero do que celebração.
Nos dias seguintes, Carol ocupa o tempo com atividades dispersas. Joga golfe, troca de carro quando a viatura policial para de funcionar e pega a estrada até Jemez Hot Springs. Em uma galeria de arte local, ela observa quadros enquanto canta sozinha, um hábito que vinha funcionando como mecanismo de defesa emocional — ao menos até agora.
À noite, Carol se permite um momento mais íntimo. Ela prepara um jantar especial para comemorar o aniversário de Helen, recriando pratos associados a diferentes anos do relacionamento. É uma sequência silenciosa e melancólica, que reforça o peso do luto e da memória em um mundo que seguiu em frente sem ela.
Enquanto isso, o episódio acompanha a jornada de Manousos, que tenta chegar até Carol por conta própria. Os Unidos se oferecem repetidamente para ajudá-lo, mas ele recusa qualquer contato. Rouba combustível, evita diálogo e insiste em se manter completamente autossuficiente. Paralelamente, Manousos estuda inglês, tentando aprender o idioma para finalmente conseguir se comunicar com Carol.

A viagem se torna mais difícil quando ele é forçado a atravessar uma região de selva fechada. Mesmo diante do perigo evidente, Manousos rejeita a ajuda dos Unidos, afirmando que tudo o que eles oferecem foi roubado de alguém. Em um gesto radical, ele incendeia o próprio carro e segue a pé, repetindo palavras em inglês como um mantra.
O esforço cobra seu preço. Manousos se machuca gravemente com espinhos, cauteriza os ferimentos e continua andando até não aguentar mais. Exausto, ele desaba no chão. Quando tudo parece perdido, um helicóptero surge, e alguém desce de rapel para resgatá-lo.
A narrativa então avança para 48 dias e 16 horas desde a união global. Carol continua sozinha em casa, repetindo rotinas mecânicas. Os fogos ainda explodem no céu, mas agora sem entusiasmo. Ela joga golfe, mas já não canta. A solidão começa a se impor de forma definitiva.
A virada emocional do episódio acontece quando Zosia reaparece. Ao vê-la, Carol corre e a abraça, chorando de forma incontida. Pouco antes, ela havia escrito a palavra “volte” no chão com tinta. Os Unidos ouviram o pedido — e atenderam.

Análise crítica do episódio 7, “A Lacuna”
Pluribus se aproxima do fim no AppleTV+
“A Lacuna” aposta em uma narrativa minimalista para reforçar o tema central da série: a impossibilidade da autonomia absoluta. Tanto Carol quanto Manousos tentam sobreviver sozinhos, cada um à sua maneira, e ambos fracassam. A mensagem é clara, mas também reiterativa.
O episódio dedica longos minutos a ações solitárias e deslocamentos que pouco avançam a trama. A jornada de Manousos até Carol termina em mais um impasse, enquanto Carol, isolada, entra em um ciclo de repetição emocional. Esses pontos já haviam sido estabelecidos em episódios anteriores, o que faz o capítulo soar redundante dentro da estrutura da temporada.
Tecnicamente, Pluribus continua impecável. A fotografia, o uso do silêncio e a encenação reforçam a sensação de vazio e passagem do tempo. Rhea Seehorn sustenta o episódio quase sozinha, transmitindo desgaste emocional sem recorrer a diálogos explicativos. Ainda assim, o investimento de tempo nem sempre se converte em avanço narrativo.
Com a temporada se aproximando do fim, “A Lacuna” funciona mais como um interlúdio do que como um passo decisivo. Ele reforça temas já conhecidos, mas sacrifica ritmo e progressão dramática. Resta saber se os episódios finais conseguirão transformar essa pausa prolongada em uma preparação eficaz para o conflito que Pluribus promete desde o início.