Poucos iriam imaginar que O Planeta dos Macacos: A Origem, lá em 2011 com James Franco, poderia se tornar uma das melhores franquias de blockbuster do cinema atual. Assim, Planeta dos Macacos: A Guerra, filme comandado por Matt Reeves (também responsável pelo segundo longa) segue a fórmula do passado, mas trazendo novos elementos e um clima bem mais dark.
A trama continua a história do macaco Cesar (Andy Serkis), agora defendendo o seu povo da retaliação humana depois da rebelião de Koba. Os seus seguidores procuram um novo lugar mais seguro para viver enquanto fogem do maligno Colonel (Woody Harrelson) e suas tropas.
Como toda boa ficção científica, a grande sacada de Planeta dos Macacos é usar um cenário fantasioso como crítica para problemas que existem em nossa sociedade. O segundo filme já trazia muito bem um conto sobre guerras e como conflitos acontecem. Agora, Planeta dos Macacos: A Guerra apresenta novos elementos mais pessoais e intimistas. As motivações de todos os lados são entendidas, deixando o espectador no meio dos lados, sentindo pelos personagens humanos e macacos que estão sofrendo com uma guerra que não deveria ter acontecido, que poderia ser resolvida com diálogos. Algo que se aplica perfeitamente ao mundo real.
O vilão do filme, chamado somente de Colonel justamente para representar um líder militar genérico, é um extremista que odeia os macacos e acaba desertando até do próprio exército por causa dos seus atos. Até mesmo Cesar acaba passando dos limites em sua busca por vingança, mostrando um lado mais vingativo e menos prático enquanto é atormentado pelo fantasma de Koba.
Não somente o contexto do filme está impecável, mas a qualidade técnica também é um espetáculo à parte. A fotografia além de bela, apresenta sempre muita emoção e drama às cenas de ação. A animação dos macacos é algo que fica repetitivo de comentar de tão bom que é. Nesse filme, as expressões estão até melhores, com destaque para algumas cenas com closes quando um macaco morre, mostrando as mais simples e pequenas modificações no rosto quando a vida deixa o ser, é algo realmente impressionante.
Não podemos falar da qualidade das expressões de Cesar sem falar em Andy Serkis. Ele deu vida a um incrível personagem digital e merece muitos créditos por isso, e eu nunca imaginaria que um chimpanzé poderia ser um personagem tão badass no cinema. Destaque também para Amiah Miller, que faz a garotinha no filme, sempre muito simpática e carismática, e também para Steve Zahn, intérpret do “Macaco Mau”, responsável pelas cenas de alívio cômico e com expressões bem peculiares.
O sempre ótimo Michael Giacchino traz uma trilha sonora que consegue trazer todo o sentimento pós apocalíptico, com trilhas tensas e outras com batidas mais fortes para as cenas de ação, passando até para tons mais tribais. Tudo encaixando perfeitamente bem com as câmeras do diretor Matt Reeves, com dinamismo nas cenas de ação e câmeras lentas ocasionais para causar um drama maior aos combates (aprende Zack Snyder).
A única falha do filme é a falta da “Guerra” propriamente dita. O filme é intimista e ainda fala sobre conflito, mas senti falta de um combate mais épico no terceiro ato, deixando um gostinho de anticlímax. Principalmente, porque o resultado do embate é bem inesperado, usando até elementos “Deus Ex Machina“.
Planeta dos Macacos: A Guerra encerra de forma magistral a trilogia iniciada há alguns anos. É bem provável que existam novos filmes nesse universo, mas este longa termina um ciclo, demonstrando os piores lados de uma guerra, fazendo uma alegoria com nossa sociedade, até mesmo dando espaço para criticar o governo Trump. Recomendadíssimo.