Eu sei que, hoje em dia, não faltam opções para jogar com outras pessoas. Os maiores jogos atualmente, seja em venda ou fama, são focados em competir ou colaborar com seres humanos pela internet. Mas, por mais que eu goste de jogar online, não tem experiência igual sentar no sofá com alguém, cada um com um controle na mão, se divertindo numa mesma tela. Pizza Possum pode até ser aproveitado sozinho, mas eu tenho certeza que boa parte de graça dele está em dividir esse pequeno momento de caos com alguém.
Você é um gambá (e a pessoa do seu lado, um guaxinim) que quer muito comer uma pizza. Especificamente a pizza gigante da líder dos cães, que fica no topo de uma pequena vila montanhosa. Seu objetivo então é sair correndo, comer tudo que ver pela frente, fugir dos cachorros que querem te pegar, e não dar chance pra ninguém ficar no seu caminho.
Quando eu falo ninguém é ninguém mesmo, mas não quer dizer que não vão tentar. O seu objetivo em cada “seção” do mapa é roubar (e comer) comida o suficiente para conseguir uma chave, que destranca um portão para uma próxima área. Conforme você avança, mais guardas tentam te pegar e mais difícil fica de escapar.
Até os cenários começam a ficar mais complicados, indo de praças abertas a cozinhas fechadas e labirintos em vinhedos. O visual detalhado da montanha, com vários itens espalhados, acaba por dificultar ainda mais suas fugas, se você conseguir enxergar pra onde está indo. Era bem fácil perder o personagem de vista e acabar sendo capturado sem querer.
Se um guarda cão pega o seu personagem, a única forma de fugir é se o seu companheiro animal trombar com vocês e te liberar. E no caso de você estar jogando sozinho… é, se o gambá é capturado, o jogo acaba na hora, e você tem que recomeçar do último checkpoint. Por isso que falo que Pizza Possum praticamente só funciona com duas pessoas: estar sozinho aqui acaba levando a uma experiência mais repetitiva e frustrante do que eu esperava de um título que prometia algo mais leve e descontraído.
Ele parece um pouco da proposta de Untitled Goose Game (ou o jogo do ganso infernal) — e, sinceramente, dada a semelhança caótica dos protagonistas, eu até estava indo com uma expectativa —, mas não espere uma grande campanha com diferentes fases. Ele é um jogo que facilmente poderia estar numa máquina de fliperama, com partidas relativamente pequenas e convites para jogar mais vezes. Eu e minha noiva conseguimos chegar à pizza gigante em menos de duas horas, por exemplo.
Com essa proposta arcade, Pizza Possum pode acabar sendo uma experiência que não se sustenta tanto assim depois dessa vitória inicial. Ele libera novos itens que podem ser usados e variam o gameplay, e há um “final secreto” se você vencer três seguidas sem ser capturado, mas tirando isso, sua primeira pizza gigante vai ser bem parecida com boa parte das outras.
A verdade é que Pizza Possum tá bem longe de ser perfeito: o visual atrapalha mais do que ajuda, a proposta arcade pode frustrar um pouco e quando você perceber, tudo que tinha pra ver já acabou. Mas as coisas que ele faz bem — o gameplay caótico, os poderes engraçadinhos e a boa interação entre os dois personagens — mostra como pode ser uma curta, mas interessante experiência pra chamar alguém pro sofá e se divertir um pouco, principalmente pelo preço que é cobrado. Não sei se é mais gostoso do que comer uma pizza, mas provavelmente vai ser um belo acompanhamento pra ela.
Pizza Possum está disponível para PC na Steam, no PlayStation 5, no Xbox Series e no Nintendo Switch.
*Uma cópia do jogo foi gentilmente cedida ao CosmoNerd pelos desenvolvedores para a produção deste texto.