O canal Lifetime amplia seu catálogo de thrillers com Perseguição Fatal (Wife Stalker), dirigido por Elizabeth Röhm e roteirizado por Barbara Marshall. O longa, estrelado por Keshia Knight Pulliam, Trai Byers e Grace Byers, apresenta uma história que começa como um drama conjugal convencional, mas rapidamente se transforma em um jogo psicológico cheio de reviravoltas. Leia a nossa crítica:
Perseguição Fatal (Wife Stalker, 2025) – Crítica
Um triângulo que parece familiar — até deixar de ser
Joanna (Keshia Knight Pulliam) e Leo (Trai Byers) vivem uma vida aparentemente estável com seus dois filhos em um subúrbio tranquilo. A rotina, no entanto, é abalada quando Piper (Grace Byers), uma instrutora de ioga e dona de um centro de bem-estar, entra na vida da família. Inicialmente, o filme parece seguir a fórmula clássica de Atração Fatal: um homem casado se envolve com outra mulher, provocando o colapso do lar perfeito.
No entanto, Perseguição Fatal utiliza essa estrutura apenas como ponto de partida. Aos poucos, o roteiro revela camadas que questionam a sanidade, a memória e a percepção da protagonista. O que parecia ser uma história sobre uma esposa traída logo se transforma em algo muito mais sombrio.
O jogo de aparências e a reviravolta central
Quando Leo abandona Joanna para viver com Piper, a protagonista decide investigar a nova mulher do ex-marido. Sua busca a leva a descobrir o passado suspeito de Piper, que teria sido envolvida na morte de dois maridos anteriores. Convencida de que a rival representa uma ameaça para sua família, Joanna se lança em uma cruzada para desmascará-la — o que culmina em confrontos violentos e um ato impulsivo que muda completamente a narrativa.
É nesse momento que Perseguição Fatal revela seu verdadeiro propósito. Joanna nunca foi esposa de Leo, nem mãe das crianças que acreditava proteger. Ela era sua assistente pessoal e, após a morte da verdadeira esposa, passou a viver em um delírio onde assumiu a identidade da mulher falecida. O “divórcio” que ela acreditava enfrentar era, na verdade, uma demissão e uma ordem de restrição.
Essa virada muda o sentido de tudo o que o público viu até então, justificando o título original: Joanna não era uma esposa sendo perseguida — ela era a perseguidora de esposas.
Direção, performances e impacto narrativo de Wife Stalker
Elizabeth Röhm conduz o suspense com uma direção que privilegia o mistério e o ponto de vista fragmentado da protagonista. As pistas sobre a realidade distorcida de Joanna estão presentes desde o início — crianças que nunca a chamam de mãe, a ausência de documentos de divórcio, e a relação estranha entre ela e Leo.
Keshia Knight Pulliam oferece uma atuação convincente como uma mulher que oscila entre a fragilidade emocional e a obsessão, mantendo o público em dúvida sobre suas motivações até o momento da revelação. Trai Byers e Grace Byers, casados na vida real, dão credibilidade ao novo casal, reforçando o contraste entre o mundo real e o imaginário de Joanna.
O roteiro de Barbara Marshall equilibra bem o mistério com o drama psicológico, amarrando todas as pontas no desfecho. O último ato ainda reserva uma segunda reviravolta, quando Piper admite, em uma conversa por telefone, que de fato planejava algo sinistro — revelação ouvida secretamente por Leo, que finalmente compreende o perigo que o cercava.
Crítica de Perseguição Fatal (Wife Stalker, 2025): um thriller que se reinventa
Com apenas 87 minutos de duração, Perseguição Fatal surpreende ao subverter o gênero do suspense doméstico. O filme começa como um melodrama sobre ciúme e infidelidade, mas termina como uma análise da obsessão e da perda de identidade. Ao distorcer a percepção do público, o longa transforma um enredo aparentemente previsível em uma experiência de mistério psicológico eficiente e de ritmo ágil.
Assim, o que poderia ser mais um drama de traição se torna um estudo sobre delírio e autoengano. Perseguição Fatal confirma o esforço do Lifetime em investir em histórias que, mesmo dentro do formato televisivo, conseguem surpreender pelo roteiro e pela estrutura narrativa.