Perdido na Montanha (Lost on a Mountain in Maine, 2024), confira Crítica, fatos e curiosidades do filme que conta a história real de Donn Fendler Perdido na Montanha (Lost on a Mountain in Maine, 2024), confira Crítica, fatos e curiosidades do filme que conta a história real de Donn Fendler

Perdido na Montanha (2024) | Crítica do filme | Netflix

Lançado pela Netflix e produzido pela Balboa Productions, de Sylvester Stallone, Perdido na Montanha (Lost on a Mountain in Maine, 2024) retrata a história real de Donn Fendler, um garoto de 12 anos que, em 1939, se perde durante uma expedição no Monte Katahdin, no estado do Maine. Após se separar do grupo, Donn enfrenta nove dias de isolamento na floresta, com frio, fome e ferimentos, enquanto equipes de resgate, voluntários e a imprensa mobilizam uma das maiores operações da época. O longa, dirigido por Andrew Boodhoo Kightlinger, é baseado no livro homônimo escrito pelo próprio Donn com o jornalista Joseph B. Egan.

História real: quem foi Donn Fendler e quantos dias ele ficou perdido na montanha?

Em julho de 1939, Donn Fendler desapareceu durante uma trilha com familiares e amigos no Monte Katahdin. Ao se afastar após um desentendimento com o irmão e o guia, perdeu o caminho de volta. A situação rapidamente se tornou um caso de interesse nacional, mobilizando mais de mil voluntários, incluindo escoteiros, soldados e guardas florestais, além de intensa cobertura da imprensa.

Quantos dias Donn ficou desaparecido?

Donn sobreviveu por nove dias, enfrentando baixas temperaturas, sede, fome e ferimentos. Sem suprimentos, alimentou-se de frutas silvestres e encontrou abrigo improvisado com folhas e musgos. A estratégia que o salvou foi seguir o curso de um riacho até encontrar sinais de civilização. Ele foi localizado debilitado, com cerca de 7 kg a menos, mas vivo.

O verdadeiro Donn Fendler, cuja história real é retratada no filme Perdido na Montanha
Donn Fendler ficou nove dias desaparecido / história real está disponível para assistir na Netflix

Pouco tempo depois, ditou sua experiência ao jornalista Joseph B. Egan, resultando no livro Lost on a Mountain in Maine, publicado em 1939. O episódio transformou Donn em uma espécie de herói nacional: ele foi recebido pelo presidente Franklin D. Roosevelt, participou de um desfile em Nova York e, anos mais tarde, dedicou boa parte da vida a palestras sobre sobrevivência e perseverança.

Paternidade, Grande Depressão e os temas de Perdido na Montanha

O filme explora, além da luta física pela sobrevivência, a dimensão familiar que permeia a narrativa. A relação de Donn com o pai é marcada por conflitos decorrentes da ausência paterna, contexto que o roteiro relaciona diretamente à Grande Depressão — colapso econômico iniciado em 1929, que obrigou milhões de famílias norte-americanas a reorganizarem suas rotinas para sobreviver.

No longa, o pai de Donn, interpretado por Paul Sparks, é mostrado como alguém constantemente ausente devido às demandas do trabalho. Essa ausência gera ressentimentos no garoto, que se sente negligenciado e, por isso, demonstra comportamento rebelde. Sua caminhada solitária na floresta funciona, simbolicamente, como um processo de amadurecimento e reconciliação silenciosa com a figura paterna, à medida que enfrenta seus medos e limitações para sobreviver.

O Deus Pamola mostrado no filme e seu simbolismo

Outro elemento importante do filme é a presença do deus Pamola, parte da mitologia dos Penobscot, povo nativo do Maine. Considerado guardião do Monte Katahdin, Pamola é descrito nas tradições indígenas como uma figura híbrida, com cabeça de alce, asas e garras de águia e corpo humanoide, associada ao trovão, às tempestades e à proteção do território.

Pamola, o Deus do Trovão do povo Penobscot e protetor do Monte Katahdin, no Maine

No longa, Pamola não é apresentado como um ser literal, mas como um símbolo que acompanha os momentos de delírio e introspecção de Donn. Ele representa a força incontrolável da natureza, o respeito pelo ambiente e o medo diante do desconhecido. A presença dessa entidade ancestral conecta a narrativa ao território e às crenças locais, ao mesmo tempo em que reflete os conflitos internos do garoto e sua necessidade de superar obstáculos físicos e emocionais.

Crítica: Perdido na Montanha é bom? Onde assistir?

O filme se constrói como uma narrativa de sobrevivência, mas também como um drama íntimo. O roteiro de Andrew Boodhoo Kightlinger equilibra a tensão da jornada de Donn com os elementos históricos e culturais que cercam o caso. Embora o longa utilize recriações dramáticas, ele surpreende ao intercalar trechos de documentário em sua parte final, trazendo registros e depoimentos reais da época. Essa escolha reforça o peso histórico da história e aproxima o espectador do impacto que o desaparecimento causou em 1939.

Além disso, a produção destaca o papel da Balboa Productions, de Sylvester Stallone, conhecida por projetos que combinam ação e histórias verídicas, e explora com cuidado os temas familiares, a mitologia indígena e os efeitos da Grande Depressão. Filmado no interior de Nova York, com imagens aéreas do Monte Katahdin inseridas na pós-produção, o filme reconstrói a paisagem com competência e se apoia no livro que eternizou o relato de Donn.

IMDb, Filmow e AdoroCinema – qual a repercussão da história real de Perdido na Montanha nas plataformas

Desde a estreia na Netflix, Perdido na Montanha tem gerado debates entre os espectadores nas principais plataformas de avaliação de filmes. No IMDb, o longa reúne comentários que destacam a importância histórica da narrativa e a forma como a adaptação equilibra fatos reais e elementos simbólicos. No Filmow, usuários brasileiros ressaltam a curiosidade em conhecer a história de Donn Fendler e discutem a construção da tensão dramática ao longo da trama. Já no AdoroCinema, as avaliações ficam divididas entre quem elogia a proposta documental incorporada na parte final do filme e quem esperava um ritmo mais acelerado nas sequências de sobrevivência.

Essa diversidade de percepções demonstra como a produção tem provocado discussões sobre suas escolhas narrativas e sua abordagem histórica. A presença do longa no catálogo global da Netflix também amplia seu alcance, levando a história real de Donn Fendler para novos públicos e fomentando análises sobre sua estrutura, atuação e inserção de elementos mitológicos.

Perdido na Montanha está disponível na Netflix. Clique aqui para assistir.