Paramount+ presta tributo final ao Príncipe das Trevas
O documentário Ozzy: No Escape From Now, disponível no Paramount+, funciona como o capítulo final da vida e carreira de Ozzy Osbourne. Dirigido por Tania Alexander, o filme acompanha os últimos anos do vocalista do Black Sabbath, falecido em julho de 2025 aos 76 anos. Mais do que uma despedida, o longa se transforma em um retrato humano e íntimo de um artista que atravessou gerações e redefiniu os limites do rock. Confira a crítica do doc:
Ozzy: No Escape From Now
O olhar humano sobre uma lenda do heavy metal
A diretora Tania Alexander utiliza imagens registradas entre 2021 e 2025 para mostrar a batalha de Ozzy contra os problemas de saúde que o acompanharam na fase final da vida. Após uma cirurgia malsucedida no pescoço e o diagnóstico de Parkinson, o cantor enfrentou infecções, dores constantes e limitações físicas que o afastaram dos palcos. Ainda assim, No Escape From Now revela um homem que, mesmo fragilizado, manteve o humor característico e a vontade de criar.
A relação de Ozzy com Sharon Osbourne é o coração do documentário. Parceira de vida e produtora executiva do filme, Sharon aparece como presença constante, oferecendo suporte emocional e profissional enquanto o marido lida com a deterioração da saúde. O vínculo entre eles é mostrado de maneira franca, com momentos que lembram o reality show The Osbournes, mas agora marcados por um tom de despedida.
O poder da música como resistência
Mesmo enfrentando dificuldades para se manter em pé, Ozzy encontrou na música uma força renovadora. O reencontro com o produtor Andrew Watt, a partir de 2019, deu origem aos discos Ordinary Man (2020) e Patient Number 9 (2022), ambos celebrados como um retorno criativo. No documentário, o próprio Ozzy define essa fase como “o melhor remédio” que já tomou.
Depoimentos de colegas como Tony Iommi, James Hetfield, Billy Idol, Zakk Wylde e Chad Smith reforçam o impacto que Ozzy teve sobre diferentes gerações. Eles descrevem a vitalidade do cantor em estúdio e a energia que ainda conseguia transmitir, mesmo em meio à dor.
O último show e o adeus
O ponto culminante de No Escape From Now é o projeto Back to the Beginning, o show de despedida realizado em Birmingham, cidade natal do artista. Lá, Ozzy voltou a dividir o palco com o Black Sabbath e uma constelação de ídolos do rock, incluindo Slash, Tom Morello e Billy Corgan. As câmeras registram a emoção dos músicos diante da oportunidade de celebrar o legado do “Príncipe das Trevas” — um título que ele próprio sempre tratou com ironia.

Embora o documentário não tivesse sido concebido como uma despedida definitiva, a morte de Ozzy durante o processo de edição transformou o material em um registro póstumo. A montagem final equilibra o humor e o peso da realidade, com passagens em que o cantor reconhece seus limites e reflete sobre o envelhecimento: “Onde estão os bons e velhos tempos?”, pergunta ele a Sharon.
Entre o riso e a tragédia
A força de No Escape From Now está em sua simplicidade. Alexander opta por deixar as câmeras captarem o cotidiano, sem buscar dramatizações. Ozzy aparece como avô, marido e músico — sempre ele mesmo, entre piadas e momentos de vulnerabilidade. O filme não ignora o sofrimento físico nem as injustiças que marcaram seus últimos anos, como o atraso em sua indução ao Hall da Fama do Rock and Roll.
Ainda assim, há leveza. A cena em que Ozzy brinca dizendo que, com pernas biônicas, seria o verdadeiro “Homem de Ferro”, sintetiza seu espírito: irreverente, resistente e consciente da própria mortalidade.

Crítica de Ozzy: No Escape From Now – vale à pena assistir no Paramount+?
Um tributo definitivo a Ozzy Osbourne
Ozzy: No Escape From Now não tenta canonizar Ozzy Osbourne — apenas mostrá-lo como ele realmente foi. A montagem alterna imagens inéditas de bastidores, entrevistas com familiares e participações de amigos que ajudam a compor o mosaico de uma vida marcada por excessos, humor e reinvenção.
Com duas horas de duração, o documentário do Paramount+ cumpre a função de encerrar um ciclo. É um registro da última fase de um artista que, mesmo diante da dor e da finitude, encontrou na música e na família o sentido de continuar. Como ele próprio afirma em uma das passagens mais tocantes: “Se não fosse por Sharon, eu não estaria aqui”.
Ozzy: No Escape From Now é, portanto, o adeus definitivo ao homem que deu voz a uma era — e que, mesmo sem escapar do agora, permanece eterno no som e na memória do rock.