Oxenfree rapidamente chamou minha atenção, talvez pelo excelente sistema de diálogo ou mesmo a ótima historia e ambientação que o jogo consegue passar logo de cara.
Até certo ponto, dá para comparar o sistema de diálogos dignos dos jogos da Telltale, pois da mesma forma existem diferentes maneiras de responder aos acontecimentos do jogo que podem alterar o caminho seguido pelos personagens mudando o rumo da história. O diferencial aqui é que não existe aquele tempo de espera. Quando você escolhe uma das opções acaba interrompendo os outros de falar e, optando pelo silêncio, pode mostrar diferentes maneiras de como os diálogos fluem perfeitamente durante a gameplay.
Todas as conversas parecem reais e passam por turnos onde cada um espera sua vez de falar. A verdade é que existem muitas opções durante as conversas, por exemplo: várias vezes o jogo faz com que Alex, a protagonista, escolha com quem ela vai fazer certas ações passando aquela sensação de que cada escolha importa. E diferente de outros jogos, suas ações em Oxenfree realmente alteram constantemente o andamento do jogo.
Certos personagens morrem, alguns eventos acontecem ou até deixam de acontecer dependendo da forma como você aborta as decisões nesse jogo. Todas as ações caem como uma luva durante a narrativa, tanto nos momentos assustadores quanto nos momentos mais tranquilos. Isso tudo não adiantaria de nada se o jogo não fosse bem escrito e os personagens não fossem tão carismáticos.
Os personagens são extremamente bem escritos mesmo com toda estética de jovens americanos e seus clichês, desde a protagonista (típica garota introvertida) até a garota popular Clarissa. Por vezes pegamos os personagens discutindo por besteira, flertando e quando o bicho pega ficam assustados, reagindo às situações bizarras que começam a acontecer na ilha onde se passa o jogo.
O time de atores contratados pra esse jogo parece ter vindo direto de maravilhosos filmes de Hollywood, pois todos se entregam em atuações na dublagem, conseguindo deixar evidente a personalidade de cada um com o foco nos mínimos detalhes em suas performances tanto nos momentos chaves quanto nas horas mais básicas e introdutórias dessa história.
A trilha sonora em Oxenfree é impecável, desde o começo ela dita o tom de cada momento, intensificando as partes assustadoras com músicas que tocam especialmente em certos momentos para dar o tom aos diferentes momentos do jogo.
Oxenfree não recorre aos famosos jumpscares para colocar o jogador no clima de terror, nem em utilizar de violência extrema pra causar medo e angustia, possibilitando assim a comparação com filmes como O Exorcista ou Poltergeist. Mesmo com toda a descontração entre os personagens e o clima de brincadeira, a ambientação do jogo te deixa tenso dando aquela sensação que algo de ruim logo logo vai acontecer.
É tudo muito sutil a princípio, mas a forma que os personagens vão descobrindo o que está acontecendo é tão natural que torna a história bastante interessante e crível, desconstruindo o ambiente aparentemente bobo do início. E surpreendente o modo como isso acontece nos momentos em que você interage de fato com o motivo que está causando todos os eventos paranormais, tudo é bem marcante e aterrorizante pela maneira que a narrativa consegue usar jogos bobos como a forca de forma sinistra assustando personagens e jogador. Algo difícil de encontrar em jogos de terror.
Oxenfree é um jogo onde a linearidade não atrapalha, pelo contrário, a vontade de jogar novamente está lá, afinal são muitos diálogos e muitas escolhas que podem trazer diferentes acontecimentos para a narrativa.
Apesar de lindo, o jogo é simples e traz algo novo ao cenário de jogos de terror com personagens carismáticos e um roteiro excelente. Tudo isso faz dele uma surpresa a quem não esperava muito de um título relativamente simples e diferente, apesar do curto tempo de gameplay (apenas quatro horas) porém com direito a new game+, que vale a pena não só pela experiência, para poder revisitá-lo e fazer diferente escolhas.
Oxenfree é recomendadíssimo tanto pra quem curte jogos de terror e boas histórias.