E aí, ruma de nerds! Zé aqui pela primeira vez pra dar uns toques sobre uma animação perfeita e que traz discussões importantíssimas e muito mais que urgentes. Segue aqui que é sucesso!!!
O Wit Studio (Attack on Titan) adaptou o mangá Ousama Ranking (Ranking of Kings) de Sousuke Toka. A expectativa é que a série seja concluída com 23 episódios.
Sinopse: Incapaz de ouvir ou falar, o Príncipe Bojji parte numa aventura para provar que é um herdeiro digno com a ajuda de uma sombra chamada Kage.
Num mundo onde os reis recebem posições de acordo com suas forças, a narrativa de Ousama Ranking é envolvente e a construção de personagens é extremamente profunda. Assim, temos esse ranque ao qual os reis são colocados após uma espécie de prova de valor, e, dependendo do resultado, o reino pode acabar em perigo, porque, nesse mundo em que a prova de força é a questão principal, existe toda aquela dinâmica de invasão e tentativa de dominação de terras. Mas, logo quando começamos a acompanhar a história, conhecemos o nosso protagonista, Bojji, que é uma pessoa com deficiência e príncipe de um dos diversos reinos. Então, o quão cruel seria a história de alguém que vive num mundo medieval de fantasia repleto de capacitismo1?
1Capacitismo é a discriminação de pessoas com deficiência, seja ela físico-motora, auditiva, visual, intelectual, de aprendizagem, de espectro autista ou colostomia. Esse preconceito costuma vir acompanhado do pressuposto de que algo precisa ser corrigido ou mudado. Em uma sociedade capacitista, existe a ideia de que os corpos sem deficiência valem mais e são considerados “normais”, diferentemente dos outros que possuem “anormalidades”.
Bojji é uma criança muito pequena (até então é o que imaginamos, já que ele parece ter entre 10-12 anos, porém, alguns artigos japoneses sugerem que ele tem 14 anos) e simpática. Ele é filho do rei Bosse e é o príncipe mais velho. Por isso, acaba sendo visado e é ridicularizado por muitas pessoas do reino por ser surdo, não oralizado e não ter quase nenhuma força em seu corpo.
A questão é que Bojji é solitário e o rei está doente. A expectativa de que um dos príncipes assuma o trono aumenta rapidamente e os problemas que Bojji enfrenta só crescem. É nessa altura que nosso protagonista conhece Kage, o último descendente de uma linhagem de mercenários. No início, entendemos que ele é um aproveitador, quando percebe que pode enganar Bojji e roubá-lo. Para o nosso príncipe, isso não foi um problema já que ele se afeiçoou ao Kage de primeira. Afinal, ele era o único que não precisava se esforçar para entender o que Bojji queria dizer ou o que o nosso príncipe estava pensando.
Por conta do novo amigo, Bojji voltou pelado diversas vezes para o castelo e continuou sendo motivo de chacota por, aparentemente, ser facilmente manipulável por ser uma pessoa com deficiência. As coisas vão se agravando e, Daida, seu irmão mais novo, o desafia para um duelo. É nesse momento que percebemos que Bojji é muito habilidoso com a observação e esquiva. Kage, que assistia à luta escondido, passa a sentir admiração por Bojji e decide aceitá-lo como amigo. O problema é que em meio às demonstrações da habilidade de Bojji, ele foi instruído por seu mentor a perder a luta.
Dessa luta, o nosso príncipe Bojji sai totalmente quebrado e acabamos conhecendo melhor a sua madrasta, a rainha Hiling. Por mais que nas primeiras aparições ela demonstre ser uma pessoa escrota (por falta de uma palavra melhor), Hiling tenta o proteger de uma maneira totalmente equivocada. Ela vai ao quarto dele e é quando descobrimos que nessa fantasia realmente existe magia, já que ela usa poderes de cura (o plot twist com o nome dela) para que Bojji fique bem o mais rápido possível, já que também se sente culpada pelo que Daida fez. A essa altura, conhecemos figuras muito importantes para a animação: Daida, Hiling, Domas, Bebin, Dorshe, Apeas, Espelho (Miranjo), Bosse, Bojji e Kage.
Até então, também é interessante acompanhar como as pessoas se comunicam com Bojji. Além dele ser capaz de fazer leitura labial, as personagens mais envolvidas com Bojji utilizam linguagem de sinais. E, embora exista uma nítida presença de respeito e amor entre todas as personagens e Bojji, mesmo com a carta do rei (agora morto) deixando o trono para o nosso príncipe, há uma trama para que Daida assuma o reino e isso acaba destruindo o resto de autoestima que ainda existia em Bojji. Até aqui, conseguimos refletir que ele é desconsiderado por puro capacistismo. É difícil ficar indiferente ao que acontece e é nesse ponto que Kage oferece amizade eterna para Bojji, mas Bebin se põe entre os planos dos nossos protagonistas e tudo parece ir por água abaixo.
A trama de Ousama Ranking vai se desenvolvendo a cada etapa e percebemos a influência do espelho mágico sobre Daida, assim como a relação que este item tem com a falta de força de Bojji, já que vamos entendendo que ele é um gigante. Os outros laços do príncipe também são testados quando ele parte em viagem com Hokuro e Domas.
Graças a uma série de acontecimentos, o Espelho consegue aquilo que buscava e acabamos conhecendo a história de Kage e de outras personagens importantes para o enredo. Também nos são apresentados Desha, o rei do submundo; Despa, o novo tutor de Bojji; e Ouken e outros prisioneiros perigosos do submundo.
Com a evolução da narrativa, entendemos que Bojji não abrirá mão de ser a diferença em seu reino, assim como ele está disposto a proteger aqueles que ama com sua própria força. E é com um visual bastante diferente de outras animações japonesas que acompanhamos o crescimento dos nossos protagonistas e percebemos o quanto uma discriminação social pode limitar pessoas com deficiência e pessoas sem deficiência. Aqui fica a dica de que todos somos adaptáveis, alguns de nós precisam apenas de acessibilidade.
Curiosidade: Em Ranking of Kings, a cor da roupa de Bojji é azul porque representa a comunidade surda. A cor está ligada ao período da Segunda Guerra Mundial em que os nazistas identificavam as pessoas com deficiência através de uma faixa de cor azul fixada no braço.
Príncipe Bojji hypadoO anime está em andamento, com exibição nas plataformas da Funimation e Crunchyroll.
E é isso, gente! Assistam (ou leiam) Ousama Ranking (Ranking of Kings) e comentem aqui o que acharam da história ou como vocês percebem essas questões sobre capacitismo a partir dessa obra maravilhosa! Nos vemos por aí!