Os vilões ainda dão as cartas em Gotham

O texto a seguir pode conter SPOILERS dos primeiros episódios de Gotham. Se você ainda não viu, é mais louco do que a galera do Arkham.

É possível dizer que a primeira temporada de Gotham foi um experimento que não deu muito certo. A ideia de uma mistura de série procedural (CSI e etc) com o louco mundo do Batman era promissora. Mas infelizmente a alternância de ritmo fez com que assistir cada novo episódio fosse uma batalha.

Personagens tiveram uma ascensão inexplicavelmente rápida. Outros saíram sem ao menos deixar uma marca importante. Tudo era uma bagunça que conseguiu se manter de pé. Talvez pelo poderoso nome da cidade do Batman e seus singulares habitantes. E cá estamos, no início da segunda temporada.

Bruno Heller sabia que havia errado a mão no primeiro ano da série. E mesmo se não soubesse antes, certamente os inúmeros questionamentos sobre a qualidade de Gotham abriram sua mente. Aparentemente mais centrada e decidida, a nova temporada já sabe quem é capaz de roubar a cena.

Depois de toda a merda ter sido jogada no ventilador, mudanças de status permeiam os primeiros episódios. Jim Gordon (Ben McKenzie) foi escalado para cuidar do trânsito de Gotham (possivelmente tão caótico quanto as pessoas), Bullock (Donal Logue) decidiu aposentar o distintivo e levar uma vida pacata como dono de bar. E o Pinguim (Robin Lord Taylor <3) finalmente assumiu o trono de da cidade. Ou pelo menos ele pensa assim.

A estranha “amizade” entre o vilão e o policial herói é convocada mais uma vez. Jim precisa de um favor para voltar a sua posição inicial e o Pinguim precisa que o mocinho faça uma coleta para ele. É sempre assim, se você nunca sujou as mãos em Gotham, melhor procurar outra cidade.

Você pode passar seus olhos por vários pontos dos episódios iniciais, que vai encontrar um denominador comum em todos eles: os vilões. Sem um Batman para detê-los, a cidade mais do que nunca é deles. O Asilo Arkham e seus moradores voltam aos holofotes, dessa vez para causar um estrago ainda maior.

Nas figuras de Theo Galavan e sua irmã Tabhita (oi Tigresa), temos os prováveis antagonistas da primeira fase da segunda temporada, não por acaso batizada de Rise of the Villains. Depois de sequestrarem (ou resgatarem) Jerome, Bárbara Kean (que nunca vai colar como vilã) e sua trupe, eles estão prontos para espalhar o caos.

As referências aos quadrinhos ainda estão lá. Mas felizmente em doses menos cavalares, permitindo que Gotham conte sua própria história sem se preocupar muito com amarras. Aliás, Bruno Heller deve ter decidido soltar as amarras da loucura nesse início da nova caminhada.

Múltiplos assassinatos, tiroteios e cenas de violência. Do jeito que o povo gosta. Infelizmente foi feita uma vítima inesperada no meio disso tudo. Se as previsões apontavam mortes de personagens importantes, posso afirmar que elas estão começando a acontecer. E Jim Gordon certamente foi atingido em cheio por essa. Mais pessoas podem morrer nos próximos episódios. E a medida que o cerco vai fechando, as apostas vão ficando altas.

Alguns reforços para o lado do bem vão desembarcar em Gotham. O primeiro será o capitão  Nathaniel Barnes (Michael Chiklis). E bem na hora que uma vaga ficou disponível. Mas será que é o suficiente?

O início da segunda temporada é mais animador do que boa parte da primeira. Méritos para os antagonistas, que quando bem construídos, conseguem tornar tudo um espetáculo. Quase esqueci de comentar sobre o diálogo entre as duas personalidades do Charada. Edward Nygma amadureceu mesmo.

Gotham ganhou uma segunda chance nesse jogo. E para bem da série, são os vilões que dão as cartas. Quem será o grande vencedor?