Lembro quando era criança e li uma versão mais infantil de Os Três Mosqueteiros e fiquei maravilhado com a história de capa e espada de Alexandre Dumas, mesmo não entendendo muito bem o contexto histórico da época do enredo. Desde o seu lançamento, o clássico foi adaptado para diversas mídias, recebendo agora uma adaptação em francês para o cinema de forma bem fiel com Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan.
O filme segue a mesma história do livro, contando a história de D’Artagnan, um jovem que vai para Paris com o sonho de se unir aos famosos mosqueteiros do rei. Após marcar duelos com três dos mais famosos mosqueteiros, o jovem acaba se tornando amigo deles enquanto investigam uma conspiração contra a coroa francesa. O longa conta com alguns rostos conhecidos para os fãs do cinema hollywoodiano, como Vincent Cassel como o mosqueteiro Athos e Eva Green como a misteriosa Milady.
É importante deixar claro que esta adaptação apresenta em tela somente a primeira parte do livro de Dumas, acabando de forma até meio anticlimática, como acontece com Duna, de Villeneuve. Apesar de não contar tudo aqui, a quantidade de situações, desenvolvimento de personagens e de mundo é bem extensa, podendo deixar alguns expectadores meio perdidos. O longa consegue trazer umas boas doses de politicagem, romance, intriga, ação e investigação. Na verdade, ele não faz nada disso tão bem assim, mas consegue entregar um filme divertido.
O ponto alto é a direção das cenas de ação. Provavelmente se inspirando em Game of Thrones, a câmera nas batalhas passeia pelo cenário caótico da luta, dando uma sensação de plano sequência sem cortes. A fotografia e a direção conseguem com maestria imergir o expectador dentro da ação com espadas, mosquetes e cavalos com muito estilo. Em alguns momentos, as tomadas com ação podem ficar um pouco confusas ou caóticas demais, mas tudo é feito com boas coreografias e bom design de produção em meio ao caos em cenas que ficam difíceis até para piscar.
Pela quantidade de conteúdo apresentado, o longa tem um problema de ritmo e algumas motivações dos personagens não ficam bem claras – o que deixa eles com um desenvolvimento fraco. Ou você embarca pela história e pelo clima de capa e espada, ou não vai se interessar muito.
Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan faz um bom feijão com arroz em um filme divertido que entrega o que propõe. Apesar de ser cinema europeu, este bebe muito mais das fórmulas hollywoodianas na busca por agradar um público maior. Para àqueles que terminaram o longa com um gostinho de quero mais, a segunda parte já foi filmada e tem previsão de chegadas nos cinemas no fim do ano. Recomendado para os fãs da história original e para aqueles que sentem falta de uma ação cheia de estilo e swashbuckling (termo geralmente usado para lutadores com essa pinta de fanfarrão). Estou curioso para a continuação, que parece tentar desenvolver mais a personagem de Eva Green.