Os Roses: Até Que a Morte os Separe, dirigido por Jay Roach, marca o retorno das comédias de estúdio que combinam humor ácido e observações sobre relações em crise. Lançado nos cinemas e agora no Disney+, o filme revisita o clássico “A Guerra dos Roses” (1989) ao adaptar novamente o romance de Warren Adler, atualizando a premissa para dinâmicas contemporâneas de carreira, ego e frustração conjugal. O longa aposta em energia caótica, diálogos afiados e grande sintonia entre Olivia Colman e Benedict Cumberbatch, responsáveis por sustentar a tensão cômica e emocional que move a trama. Confira a crítica:
Os Roses: Até Que a Morte os Separe
Uma comédia sombria sobre a derrocada de um casamento
A história apresenta Ivy (Colman) e Theo Rose (Cumberbatch) já em um momento crítico, durante uma sessão de terapia onde ambos são incapazes de fazer um elogio ao outro. A narrativa volta no tempo para revelar como se conheceram e como a relação evoluiu de impulso para intimidade e, mais tarde, para desgaste. O roteiro de Tony McNamara evita tratar o casal como vilões ou vítimas, construindo um retrato equilibrado de duas pessoas incapazes de lidar com a própria vulnerabilidade.
O ponto de ruptura chega quando suas vidas profissionais seguem direções opostas. Ivy tenta consolidar um restaurante de frutos do mar enquanto Theo busca realizar um projeto ambicioso na arquitetura. Uma tempestade muda o rumo da família: Ivy vira um fenômeno gastronômico, e Theo vê sua carreira desabar. A inversão de papéis mexe com o ego dos dois, alimentando ressentimentos que se espalham pelo cotidiano — dos pequenos comentários irônicos às discussões abertas.
Colman e Cumberbatch como força central
Grande parte do apelo de Os Roses está na química entre Colman e Cumberbatch. Eles conduzem a comédia com precisão, variando entre insultos certeiros, cumplicidade e momentos de fragilidade. A dinâmica funciona porque o filme dá espaço para ambos expressarem frustração e afeto sem reduzir o conflito a caricaturas.
A narrativa inclui ainda um elenco de apoio afiado. Kate McKinnon e Andy Samberg formam um casal amigo que serve como contraponto ao caos dos protagonistas, enquanto Ncuti Gatwa e Sunita Mani contribuem com humor situado no restaurante de Ivy. Allison Janney aparece pouco, mas sua participação entrega um dos momentos mais marcantes, reforçando a habilidade do filme de equilibrar humor e incômodo.
A escalada absurda do divórcio
Quando Ivy e Theo promovem um jantar na casa projetada por ele, o clima desconfortável marca o início de uma fase mais agressiva da separação. A partir daí, o filme mergulha em disputas cada vez mais extremas, que misturam comédia física, provocações e rivalidade emocional. Roach utiliza essa escalada para discutir como mágoas antigas se transformam em estratégias destrutivas.

O desfecho, diferente da versão de 1989, aposta em uma solução inesperada. Embora parte do impacto tenha sido antecipado pelos trailers, a sequência final consegue surpreender ao apresentar uma conclusão que provoca reflexão sobre orgulho, afeto e limites do conflito conjugal.
Crítica: vale à pena assistir Os Roses no Disney+?
Os Roses: Até Que a Morte os Separe combina humor sombrio, ritmo ágil e uma abordagem atualizada sobre o desgaste dos relacionamentos. Mesmo com alguns excessos e oscilações no tom, o filme encontra força na atuação de Olivia Colman e Benedict Cumberbatch, que tornam a jornada de Ivy e Theo envolvente e desconfortavelmente reconhecível. Para quem busca uma comédia que dialoga com tensões reais do casamento contemporâneo, o filme entrega um retrato certeiro sobre amor, frustração e disputa.