Histórias de terror são um eficiente caminho para ensinar uma lição. Basta ver os contos originais dos Irmãos Grimm para descobrir que quando alguém diz para NÃO entrar numa floresta sombria, você realmente NÃO deve entrar. Mas os contos dos Grimm, embora excelentes, são um tanto quanto ultrapassados.
Era preciso algo mais atualizado para uma geração em profundo desenvolvimento. Foi então que R.L Stine surgiu com seus Goosebumps, trazendo noites de cagação e arrepios para crianças de boa parte do mundo. Usando elementos monstruosos já conhecidos, Stine fez renascer o medo dos filmes e contos de terror. E não é nenhuma surpresa que Goosebumps – Monstros e Arrepios tenha despertado um frio na espinha de algumas pessoas. Mesmo de forma velada, o terror da franquia de livros está lá, na espreita, para te pegar quando você menos espera.
Na trama do filme, o jovem Zach Cooper (Dylan Minnette) se muda de Nova York para uma cidade pequena dos Estados Unidos, para onde a mãe é transferida. Lá, eles passam a morar na casa ao lado da de Hannah (Odeya Rush) – por quem o adolescente se apaixona – e o pai, o ranzinza R. L. Stine (Jack Black). Depois de escutar gritos vindo da propriedade ao lado, Zach invade a residência com a ajuda do medroso colega (Ryan Lee) e acaba, acidentalmente, abrindo um dos livros e, consequentemente, dando início à libertação de todos os monstros criados por Stine. Juntos, eles terão que mandar as criaturas de volta para as prateleiras.
Goosebumps mantém o espírito de uma aventura infanto-juvenil (como Jumanji e até mesmo Goonies), mas vai além disso. A faixa etária de 7+ foi adotada para atrair um público, obviamente, mais infantil. Bela jogada de marketing na prática e uma bela noite sem dormir para os baixinhos. Nada que vá gerar um trauma, mas alguns sustos podem pegar os miudinhos desprevenidos. Admitindo logo de uma vez, o coração deu uma parada em certos momentos (malditos palhaços e anões de jardim assassinos).
Mas o enviado do capiroto, descendente do mochila de criança e responsável pelas gotas de xixi derramadas pelos espectadores é o boneco Slappy. Uma das criações mais perversas de Stine, ele comanda a horda de monstros sem cérebro para uma noite de vingança e destruição. Sério, um boneco de ventríloquo já é assustador naturalmente. Agora um que fala, anda e pensa é para gelar a alma de qualquer um.
A escolha de Jack Black (<3) para viver R.L Stine foi uma das mais certeiras que já vi ultimamente. O ator, conhecido por seu jeito espalhafatoso, faz caras e bocas (e muitos gritos) de uma maneira nada exaustiva. Existe um motivo para que seu personagem seja assim e quando descobrimos, ele fica ainda melhor. Sua química com o trio adolescente é natural, o que torna tudo mais empolgante.
Goosebumps não coloca apenas monstros na tela e pessoas correndo atrás de uma solução. Tem uma mensagem bacana sobre perdas, isolamento social e até mesmo sobre o amor e como ele pode surgir de onde menos se espera. É na verdade o melhor livro da série que nunca será escrito. Ponto para o diretor Robert Letterman (As Viagens de Gulliver) que fez aqui seu melhor trabalho.
Ainda existe espaço para um pequena brincadeira com a rixa entre R.L Stine e Sthepen King, ambos mestres dos contos de terror. A cena do carro e da peça de teatro são excelentes.
Em tempos onde as grandes produções de terror só decepcionam, Goosebumps funciona como um professor. Os livros sempre foram descritos como uma iniciação para a literatura de terror mais hardcore. Quem sabe agora o filme não ensine para os Atividades Paranormais da vida como arrepiar de verdade. Ser terror sem ser vulgar.
P.S: Nunca esqueçam do menino invisível 😉