Quarto ano de Orange Is The New Black consolida a série como diversificadora
Orange is the New Black é definitivamente uma consequência dos tempos modernos. Junto com a necessidade de se contar uma história envolvente, a série original Netflix cresce assim como a população carcerária feminina nos últimos anos (tanto nos EUA quanto por aqui), embora não na mesma velocidade. Se na terceira temporada a questão administrativa pautou praticamente todos os episódios, dessa vez as coisas estão muito maiores, inclusive no âmbito pessoal.
Baseada no best-seller de Piper Kerman, a nova temporada de Orange is the New Black mergulha mais fundo nas tensões econômicas e raciais que correm pelos corredores de Litchfield. Tomada por novos detentos e supervisionada por guardas inexperientes, a penitenciária passa por uma guerra cultural sem precedentes.
Nada muda na estrutura, com tramas paralelas e flashback para personagens diversos. O que muda é a proporção e o clima muito mais tenso ao longo dos 13 episódios. A protagonista Piper Chapman (Taylor Schilling) perde ainda mais espaço em detrimento de outras tramas, que no final farão parte do mesmo balaio se levarmos em conta o encerramento maluco da temporada. No entanto, quem ficou esperando pela estreia sem rever a temporada anterior pode esquecer de alguns detalhes que são levantados, e isso é um problema. Dado a quantidade de personagens, não é questão de apontar o dedo e atribuir erros, mas entender como uma consequência desse super desenvolvido “novo” personagem: a prisão.
A trama do assassinato (uma continuação direta do final do ano anterior) envolvendo Vause (Laura Prepon), Red (Kate Mulgrew) e Lolly (Lori Petty) é a mais importante, onde ocorrerão os principais desmembramentos da história. Piper continua com seu contrabando de calcinhas, e a consequência pela sua soberba de mafiosa será dolorosa. A chegada da celebridade Judy King (Blair Brown) ganha grande destaque, onde sua fama trará diversos privilégios (para alguns) dentro do presídio. Personagens que foram embora como Sofia (Laverne Cox) retornam também. Por fim, a crise administrativas é representada em Joe Caputo (Nick Sandow), que até possui boas intenções mas esbarra num sistema onde o lucro sempre vem em primeiro lugar.
Os novos guardas liderados por Piscatella (Brad William Henke) são os odiáveis da vez. Por mais que Orange is the New Black se paute muito em personagens dúbios, sempre há também aqueles que iremos desejar um sofrimento sem fim. É uma evolução gradativa: os guardas ficam cada vez mais abusadores e o presídio está cada vez mais lotado. A formação natural de grupos se intensifica e a bomba está armada.
Infelizmente, essa bomba só deve explodir no ano que vem (estratégia já usada antes com a “fuga” das detentas). Ao menos o roteiro foi mais corajoso esse ano, dando finais definitivos para alguns. A trágica morte de Pussey (Samira Wiley) deve mudar muita coisa, uma vez que o clima descontraído era fortemente alimentado por essa personagem (as memórias do último episódio são uma prova de que os produtores tinham ideia do quanto iria magoar as pessoas). Vai ser difícil esperar mais um ano, mas é seguro afirmar que Orange is the New Black é uma série corajosa.