O Troll da Montanha (2022) - Crítica do filme norueguês disponível na Netflix O Troll da Montanha (2022) - Crítica do filme norueguês disponível na Netflix

O Troll da Montanha (2022) | Crítica do Filme | Netflix

Disponível na Netflix e dirigido por Roar Uthaug (A Onda, Tomb Raider), O Troll da Montanha (Troll, 2022) marca a entrada da Noruega no universo dos grandes filmes de monstros. Inspirado nas lendas locais e nas produções de catástrofe hollywoodianas, o longa combina elementos de Godzilla e King Kong com o folclore nórdico, criando uma narrativa que é, ao mesmo tempo, familiar e única dentro do gênero. Confira a crítica:

Crítica de O Troll da Montanha, da Netflix

Enredo clichê, mas eu gostei

Nas montanhas de Dovre, uma explosão em um projeto de construção desperta algo que repousava há mil anos. O evento atrai a atenção do governo norueguês, que aciona a paleontóloga Nora Tidemann (Ine Marie Wilmann) para investigar o fenômeno. Ao lado do pai, Tobias (Gard B. Eidsvold), e de uma pequena equipe militar, ela descobre que o responsável pela destruição é um troll de trinta metros de altura — uma criatura das antigas histórias escandinavas que agora caminha em direção a Oslo.

Conforme o monstro avança, o filme alterna entre a resposta militar e o esforço da protagonista para compreender a origem e as motivações da criatura. O enredo segue a estrutura clássica dos filmes de desastre: a ameaça colossal, a ciência tentando entendê-la e os líderes políticos buscando uma solução imediata, mesmo que isso envolva consequências fatais.

Um eco dos filmes de Roland Emmerich

Roar Uthaug não esconde as influências de diretores como Roland Emmerich, conhecido por Independence Day e Godzilla (1998). O Troll da Montanha adota a mesma fórmula: personagens cientes do absurdo da situação, humor pontual e uma sequência crescente de destruição. A produção norueguesa replica com eficiência o espetáculo visual dos blockbusters americanos, ainda que com orçamento mais contido.

O roteiro de Espen Aukan utiliza os clichês do gênero de forma consciente. O militar que prefere armas à razão, o cientista determinado a encontrar uma solução alternativa e o governo dividido entre preservar vidas e manter o controle são elementos que fazem parte do pacote. A diferença está no pano de fundo mitológico: o troll não é apenas uma força da natureza, mas também um símbolo de um passado esquecido da Noruega, um elo entre o moderno e o ancestral.

A força dos efeitos e dos personagens

Os efeitos visuais são o principal atrativo do longa. O troll é apresentado já no primeiro ato — algo incomum em produções do tipo — e seu design mistura realismo e misticismo. A escala da criatura e sua interação com o ambiente norueguês criam cenas impactantes, especialmente nas passagens em que o monstro atravessa os fiordes e se aproxima de Oslo.

A protagonista Nora cumpre bem o papel de heroína científica, enquanto o relacionamento com o pai adiciona uma camada emocional à trama. Esse vínculo entre ciência e crença funciona como metáfora do conflito central do filme: o choque entre o racionalismo moderno e a tradição mitológica.

O Troll da Montanha (2022) - Crítica do filme norueguês disponível na Netflix

Entre a destruição e a reflexão

Apesar de seguir fórmulas conhecidas, O Troll da Montanha se destaca por usar o gênero para discutir identidade cultural. O retorno do troll é, em parte, a reação da natureza e da história contra a amnésia coletiva de um povo que esqueceu suas raízes. A obra não pretende reinventar o cinema de monstros, mas sim reinterpretá-lo sob uma perspectiva local.

Crítica: vale à pena assistir O Troll da Montanha na Netflix?

Com ritmo ágil, boas sequências de ação e uma dose equilibrada de humor, O Troll da Montanha oferece ao público uma experiência divertida e visualmente envolvente. Roar Uthaug entrega um filme que reconhece seus clichês, mas os usa a favor da narrativa, transformando a mitologia nórdica em espetáculo pop. O resultado é um kaiju europeu com potencial para se expandir em futuras produções — e uma prova de que até as velhas lendas podem encontrar novo fôlego no cinema contemporâneo.