O Tempo Que Nos Resta (2025) - Crítica do filme filipino na Netflix O Tempo Que Nos Resta (2025) - Crítica do filme filipino na Netflix

O Tempo Que Nos Resta (2025) | Crítica do Filme | Netflix

Dirigido por Adolfo Alix Jr., o filme filipino O Tempo Que Nos Resta (2025) chegou à Netflix prometendo unir romance, misticismo e tragédia sobrenatural. A produção, estrelada por Bing Pimentel e Carlo Aquino, parte de uma premissa curiosa: uma mulher idosa revive a história de amor com um homem imortal que atravessa séculos, incapaz de escapar da solidão e da memória. A ideia carrega potencial dramático e simbólico, mas o resultado final se perde entre gêneros e excessos.

Crítica de O Tempo Que Nos Resta

Amor e morte sob a ótica do sobrenatural

O filme se inicia com um ataque misterioso contra Lilia, uma senhora que vive isolada em uma antiga casa. A narrativa logo revela que ela não está sozinha — ao seu lado, vive Matias, um homem que não envelhece e que carrega um segredo sombrio: ele é uma criatura imortal que se alimenta de sangue. O que poderia ser uma metáfora sobre o tempo e o fardo da eternidade transforma-se em uma história de amor marcada pela culpa, pela perda e pelo inevitável envelhecimento.

Por meio de flashbacks, o público acompanha o relacionamento entre os dois, marcado por carinho e tragédia. Matias é incapaz de abandonar Lilia, mesmo vendo-a envelhecer e definhar. Já ela, consciente de sua finitude, recusa a imortalidade para preservar sua humanidade. Essa dinâmica é o que sustenta emocionalmente o filme, ainda que o roteiro e a direção não consigam dar a ela a profundidade necessária.

O peso da execução irregular

A proposta de misturar mitologia filipina, romance e terror poderia render um drama sobrenatural com forte carga simbólica. No entanto, Alix Jr. não encontra equilíbrio entre os tons. As cenas que envolvem o aspecto vampírico de Matias são tratadas com pressa e sem impacto visual. A estética sombria, embora coerente com o tema, sofre com iluminação precária e textura granulada, o que prejudica o visual.

Além disso, subtramas paralelas — como a do policial que investiga a existência de Matias — acabam desviando o foco do casal central, gerando dispersão e perda de ritmo. O resultado é uma obra que transita entre o melodrama e o terror, mas sem se firmar em nenhum dos dois.

Um final melancólico, mas previsível

Na reta final, O Tempo Que Nos Resta tenta resgatar o tom poético de sua premissa. Lilia escolhe permanecer mortal e aceitar a morte, enquanto Matias, incapaz de mudar o destino da amada, é deixado para trás. O último plano, mostrando-o se aquecendo ao sol, sintetiza a tragédia central do filme: a imortalidade como condenação à solidão.

O Tempo Que Nos Resta (2025) - Crítica do filme filipino na Netflix

Apesar do simbolismo da conclusão, o filme chega a ela com pouca força emocional. A beleza do tema — o amor diante da passagem do tempo — se dilui em uma narrativa que hesita entre o lírico e o sensacional.

Crítica: vale à pena assistir O Tempo Que Nos Resta na Netflix?

O Tempo Que Nos Resta, da Netflix, é uma obra com boas intenções e uma ideia potente, mas que tropeça na execução. O romance entre Lilia e Matias poderia ter rendido uma reflexão profunda sobre memória e mortalidade, mas o excesso de elementos e a irregularidade estética enfraquecem o impacto. Ainda assim, há momentos de melancolia sincera que mantêm o interesse até o fim — o suficiente para que o filme não se perca totalmente no tempo.