A Netflix amplia sua tradicional leva de produções de fim de ano com O Segredo do Papai Noel (My Secret Santa, 2025), dirigido por Mike Rohl. O longa se apoia em elementos clássicos das comédias românticas natalinas, mas tenta atualizar algumas convenções ao colocar uma mulher no centro do papel simbólico mais celebrado da temporada: o próprio Papai Noel. Essa escolha funciona como ponto de partida para debater expectativas sociais, maternidade contemporânea e a pressão que envolve o período de festas.
A protagonista é Taylor, mãe solteira que enfrenta dificuldades financeiras após perder o emprego em uma fábrica de biscoitos. A situação toma um rumo inesperado quando Zoey, sua filha, é aceita em uma renomada academia de snowboard — sonho antigo da jovem, mas longe de caber no orçamento familiar. A descoberta de que funcionários do resort Sun Peaks têm desconto na mensalidade leva Taylor a buscar uma vaga a qualquer custo, mesmo diante da escassez de oportunidades às vésperas do Natal.
No resort, a única função disponível é justamente a de Papai Noel. Relutante no início, Taylor decide se candidatar anonimamente ao personagem masculino, adotando o nome “Hugh Mann” e um conjunto de próteses que a fazem parecer convincente. Com ajuda do irmão, ela domina a caracterização e conquista a vaga, tornando-se o Papai Noel oficial do local. A partir desse momento, o filme articula humor e pequenos dramas enquanto Taylor tenta equilibrar a necessidade de sustentar a família, a pressão para manter o disfarce e a inesperada proximidade com Matthew, gerente em treinamento do resort.
O romance nasce de uma coincidência anterior: Matthew e Taylor haviam se encontrado em uma loja de discos, quando ele descobre que ela foi vocalista da banda local “Screaming Kittens”, marcante em sua adolescência. A conexão entre eles é retomada no resort, agora com a complicação adicional de Matthew simpatizar tanto por Taylor quanto por Hugh, sem perceber que são a mesma pessoa. Esse jogo cômico de identidades alimenta boa parte da dinâmica romântica do filme.
O Segredo do Papai Noel se apoia em convenções conhecidas do gênero: encontros fortuitos, pequenos segredos sustentados até o clímax e uma jornada emocional previsível. Ainda assim, o filme cria pequenas variações interessantes, como a construção da relação entre Taylor e Zoey, que serve de eixo emocional mais sólido da narrativa. A presença de Ava, rival esportiva da filha, adiciona uma camada adicional ao retratar tensões adolescentes sem reduzi-las a caricaturas completas.
Mike Rohl mantém o tom leve e consciente de que esse tipo de produção opera dentro de um acordo tácito com o público: trata-se de uma fantasia sazonal, feita para oferecer conforto, simplicidade e leveza. Embora a trama siga caminhos esperados, as situações envolvendo Taylor disfarçada de Papai Noel rendem momentos divertidos, especialmente quando outros personagens desenvolvem simpatia — ou até interesse — pelo misterioso “Hugh”.
Crítica: vale à pena assistir O Segredo do Papai Noel na Netflix?
No fim, O Segredo do Papai Noel entrega exatamente o que promete: uma comédia romântica natalina que abraça sua previsibilidade, mas encontra espaço para discutir temas como identidade, independência e a busca por equilíbrio na maternidade. Para quem aprecia produções festivas ou procura novos títulos para maratonar no catálogo da Netflix, o filme cumpre seu papel como entretenimento de temporada.