O Refúgio Atômico - Crítica da série da Netflix dos criadores de La Casa de Papel O Refúgio Atômico - Crítica da série da Netflix dos criadores de La Casa de Papel

O Refúgio Atômico (2025) | Crítica da Série | Netflix

A Netflix acaba de lançar O Refúgio Atômico, série espanhola criada por Álex Pina e Esther Martínez Lobato, os mesmos nomes por trás de La Casa de Papel e Sky Rojo. Com oito episódios, o suspense mistura drama familiar, crítica social e teorias de conspiração, colocando um grupo de milionários em um luxuoso bunker subterrâneo em meio a um suposto cenário de guerra nuclear. Leia a nossa crítica da série Netflix.

A trama de O Refúgio Atômico

A história acompanha Max (Pau Simón), jovem que carrega um trauma do passado. Ainda adolescente, ele causou um acidente de carro que matou sua namorada Ane (Monica Mara), o que o levou à prisão. Anos depois, ao sair em liberdade, Max é levado pelo pai Rafa (Carlos Santos) para um complexo chamado Kimera Underground Park, um abrigo subterrâneo criado para proteger famílias ricas diante de uma possível catástrofe global.

O espaço é administrado por Minerva (Miren Ibarguren), figura enigmática que comanda o bunker com regras rígidas. Os moradores vestem uniformes azuis, têm sinais vitais monitorados e recebem informações do mundo exterior por meio de telas de notícias. O reencontro de Max com a família de Ane — especialmente o rancoroso Guillermo (Joaquín Furriel) e a jovem Asia (Alícia Falcó) — acentua as tensões dentro do abrigo.

O que parece ser uma narrativa de sobrevivência ganha contornos inesperados quando se sugere que a ameaça nuclear pode não ser real. O Kimera, na verdade, pode ser parte de um experimento secreto, e a dúvida sobre a veracidade do que ocorre na superfície alimenta o suspense.

Um confinamento que ecoa outras produções

A proposta de O Refúgio Atômico dialoga com títulos como Lost, Silo e Paraiso, em que personagens confinados descobrem que a realidade ao seu redor pode ser manipulada. A série explora o contraste entre riqueza e impotência: mesmo milionários, os moradores do bunker se veem sem privilégios, obrigados a conviver em um espaço fechado, com regras impostas e tensões crescentes.

Ao mesmo tempo, o roteiro aposta em disputas pessoais. O embate entre Max e Guillermo, marcado pela tragédia do passado, é um dos motores dramáticos, enquanto a presença de figuras como Victoria (Montse Guallar), avó de Max que enfrenta um câncer, adiciona camadas de conflito familiar.

Pontos fortes e fragilidades da série da Netflix

A direção de Jesús Colmenar, David Barrocal e José Manuel Cravioto imprime um ritmo visual sofisticado, reforçado pelo design tecnológico do bunker e pela ambientação claustrofóbica. Os uniformes padronizados e o controle constante criam a atmosfera de vigilância que sustenta a tensão.

Por outro lado, o ritmo desigual dos episódios pode afastar parte do público. A revelação precoce da grande reviravolta — a possibilidade de que o apocalipse seja uma farsa — enfraquece a construção de suspense a longo prazo. Em vez de explorar a convivência conflituosa antes do choque da verdade, a série entrega cedo demais o que poderia ser guardado para mais adiante.

O Refúgio Atômico (2025) - fatos e curiosidades da série Netflix
Créditos da imagem: Netflix

Além disso, algumas tramas secundárias soam repetitivas, e a tentativa de equilibrar crítica social, drama familiar e conspiração global acaba tornando a narrativa dispersa. A tensão inicial dá lugar a conflitos melodramáticos que, em certos momentos, reduzem a força da premissa original.

O significado por trás do experimento

Apesar das fragilidades, O Refúgio Atômico levanta questões relevantes. A série sugere que as elites podem ser facilmente manipuladas quando o medo é colocado acima do poder financeiro. O bunker, nesse sentido, funciona como metáfora: um espaço em que o dinheiro não garante liberdade, e onde a vulnerabilidade expõe a hipocrisia dos privilegiados.

Crítica: O Refúgio Atômico vale a maratona na Netflix?

O Refúgio Atômico é uma série que mistura crítica social e suspense conspiratório, mas que nem sempre sustenta o impacto de sua premissa inicial. Ainda assim, o novo projeto de Álex Pina e Esther Martínez Lobato encontra seu espaço como entretenimento de confinamento, com personagens que oscilam entre dramas pessoais e a incerteza de um mundo que talvez não esteja em colapso.

Para quem gostou de La Casa de Papel e busca uma narrativa carregada de reviravoltas e tensão psicológica, a série pode ser uma escolha interessante no catálogo da Netflix.