A autora Vanessa Freitas é uma das melhores descobertas literárias que fiz nos últimos anos, e O nome dela é Sophia, um de seus recentes trabalhos, comprova esse meu sentimento.
Na história, um romance sáfico (romance entre garotas) muito bem escrito, acompanhamos Priscila, uma atriz em ascensão que trabalha em uma pequena emissora carioca que tem o seu mundo abalado ao conhecer Sophia, uma colega de profissão que por acaso está na mesma novela que ela. Acontece que nem todo mundo enxerga Sophia da mesma forma que ela, como uma mulher linda, inteligente e formidável, muitos só conseguem ver que ela é trans. Como figuras públicas com um certo reconhecimento, mesmo que pequeno, elas precisam esconder o relacionamento, mas, como todos sabemos, segredos nunca ficam guardados por muito tempo.
O nome dela é Sophia não traz simplesmente o conflito de terem o segredo revelado e as consequências diretas dele, na verdade, a narrativa vem embrulhada com muitas questões sérias e que são tratadas com delicadeza, sendo inseridas da melhor forma dentro da história, para que o desenrolar de cada pequeno problema vá desembocando em um emaranhado de coisas que acontecem ao longos das páginas.
Como exemplo, temos casos de transfobia – que não são o foco da vida de Sophia, vale dizer -, bifobia, hipersexualização feminina, disparidade de classes sociais e racismo. Mas, claro, o centro da narrativa não são essas coisas, e a história tem muito mais partes fofas para a gente derreter. Ou, talvez, posso dizer que as partes fofas vem com umas porradas no meio, pegando quem está lendo um pouco desprevenido.
Priscila e Sophia têm muita química de cara, e é fantástico quando uma autora consegue revelar esse tipo de coisa de forma orgânica, sem precisar ficar o tempo todo pontuando para nos convencer. É como ficar olhando aquele casal apaixonado que não precisa de grandes demonstrações de afeto para sabermos que são loucos um pelo outro. Elas são pessoas diferentes, que vieram de locais diferentes, mas que, de alguma forma, funcionam muito bem juntas sem ser uma questão de “os opostos se completam”. É muito melhor do que isso, mas tem que ler para entender.
As personagens são bem escritas, onde a autora não precisa nos empurrar para gostar ou desgostar de alguém, e suas descrições dentro da histórias são tão boas que me fizeram salivar por comida vegana por um capítulo inteiro. E eu tinha acabado de comer, vale ressaltar.
O nome dela é Sophia é um livro encantador, que vai nos fazer torcer pelo casal, sofrer pelo casal, ter raiva pelo casal, se revoltar pelo casal, amar o casal. Me fez sofrer só porque sim, naquela veia masoquista que só autoras nacionais conseguem.
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