O Monstro em Mim (The Beast in Me, 2025) - Crítica da Série da Netflix O Monstro em Mim (The Beast in Me, 2025) - Crítica da Série da Netflix

O Monstro em Mim (2025) | Crítica da Série | Netflix

A Netflix estreia O Monstro em Mim (The Beast in Me, 2025), minissérie criada por Gabe Rotter e dirigida por Antonio Campos (The Staircase), que aposta no suspense psicológico para explorar a natureza humana e o poder destrutivo do luto. Estrelada por Claire Danes e Matthew Rhys, a produção se destaca por suas atuações intensas e pela atmosfera sombria que permeia os oito episódios. Confira a crítica:

Uma escritora em declínio: a trama de O Monstro em Mim

A trama gira em torno de Aggie Wiggs (Claire Danes), uma escritora em declínio que vive isolada em uma mansão decadente em Long Island após a morte trágica de seu filho. Em meio à estagnação criativa e ao fim de seu casamento com Shelley (Natalie Morales), ela conhece o novo vizinho, Nile Jarvis (Matthew Rhys), um bilionário do setor imobiliário que vive sob suspeita do desaparecimento de sua esposa, Madison.

O encontro entre Aggie e Nile inaugura uma relação complexa e instável. Ela, buscando um novo propósito, decide escrever um livro sobre o vizinho misterioso. Ele, por sua vez, vê na proposta uma oportunidade de controlar sua própria narrativa pública. A partir daí, o que começa como uma colaboração intelectual se transforma em um jogo psicológico, em que cada um tenta dominar o outro enquanto verdades perturbadoras vêm à tona.

O luto e a raiva de Aggie

Claire Danes entrega uma performance intensa, expressando o luto e a raiva de Aggie com gestos sutis e olhares carregados. Sua personagem transita entre o desejo de compreender o comportamento humano e a necessidade de confrontar os próprios demônios. Matthew Rhys, por outro lado, constrói um Nile Jarvis ambíguo, simultaneamente carismático e ameaçador, que mantém o público em dúvida até o momento em que sua verdadeira natureza é revelada.

O embate entre os dois atores é o ponto alto da série. Antonio Campos filma suas interações com enquadramentos precisos e uso inteligente do espaço — as casas, sempre grandes e vazias, refletem a solidão e a deterioração emocional dos personagens. A fotografia de Lyle Vincent reforça essa atmosfera, com sombras e luzes frias que lembram o suspense clássico.

Fatos e Curiosidades de O Monstro em Mim, nova série da Netflix

Temas e direção da série da Netflix

O Monstro em Mim examina o impacto do trauma e a linha tênue entre empatia e obsessão. O roteiro, coescrito por Rotter e Howard Gordon (Homeland), usa o mistério como ponto de partida para discutir culpa, poder e a construção de narrativas pessoais. Mesmo quando a série recorre a convenções conhecidas do gênero — como o “homem poderoso com um segredo” ou a “mulher que busca a verdade” —, há uma atenção cuidadosa à psicologia dos personagens.

Ainda que o desenvolvimento perca força no terço final, com reviravoltas previsíveis e soluções simplificadas, a tensão permanece constante graças à direção precisa e à força das atuações. A trilha sonora de Sara Barone, Sean Callery e Tim Callobre cria uma textura sonora que intensifica o suspense sem se sobrepor à narrativa.

O Monstro em Mim (The Beast in Me, 2025) - Crítica da Série da Netflix

Crítica: vale à pena assistir O Monstro em Mim na Netflix?

Com oito episódios, O Monstro em Mim entrega um suspense sólido sobre luto, culpa e moralidade. O desfecho — em que Aggie finalmente descobre que Nile é culpado por múltiplos assassinatos e enfrenta suas próprias limitações éticas ao buscar justiça — reforça a mensagem do título: o verdadeiro “monstro” pode habitar em qualquer um.

Apesar de alguns tropeços narrativos, a série se sustenta pela química entre Claire Danes e Matthew Rhys e pela direção segura de Antonio Campos. Para quem aprecia dramas psicológicos com atmosfera tensa e personagens complexos, O Monstro em Mim é uma das estreias mais envolventes do catálogo recente da Netflix.