The Mandalorian foi uma série de grande sucesso do Disney+. A jornada de “Mando” e “Baby Yoda” trouxe um novo respiro para a novamente desgastada franquia de Star Wars. A segunda temporada trouxe de volta o personagem Boba Fett (Temuera Morrison), voltando dos mortos e virando o novo chefe do crime de Mos Espa, cidade antes dominada por Jabba. Em O Livro de Boba Fett, o personagem, juntamente com sua parceira Fennec Shand (Ming-Na Wen), tem que se mostrar forte o suficiente para manter esse domínio num território dominado pelo crime e pela corrupção. Confira a nossa crítica com alguns spoilers.
Ao saber da série do personagem, já fiquei meio sem interesse, pois a verdade é que Boba Fett sempre foi um personagem vazio que obteve fama inicialmente só por causa de sua aparência. O universo expandido de Star Wars fez um bom trabalho em manter viva a lenda do grande caçador de recompensas, mas, no audiovisual, pouco vimos dele. O seu retorno em The Mandalorian foi interessante, mas eu nunca achei que teria mais a ser contado sobre ele.
O plot inicial de O Livro de Boba Fett é interessante, uma história de Star Wars sendo contada pelo ponto de vista de um Daimiô (termo retirado do japonês para descrever um poderoso senhor de terras). Mas, logo nos primeiros episódios, a série se mostra pouco empolgante, contando também uma história paralela de como Boba escapou do poço do Sarlacc e sobreviveu ao deserto de Tatooine. Esse passado recente serve como introdução e desenvolvimento do personagem, mostrando suas relações com os Tusken. Esses segmentos servem, principalmente, porque o personagem nunca foi muito bem desenvolvido antes e são onde a história brilha mais.
Na linha do tempo do presente fica um pouco mais complicado, pois diversas vezes eu me lembrava das cenas de Daenerys em Game of Thrones. Boba Fett não me parece um temido caçador de recompensas, mas lembra muito mais um bobão que só toma decisões ruins e não tem a frieza suficiente para estar na posição que comanda. Isso se agrava pois muito do problema da série vem da péssima atuação de Temuera Morrison. O cara tem o carisma de uma porta e não consegue entregar metade do que é pedido do seu personagem. Isso é mais uma prova de que as vezes o fan service pode estragar uma obra. Na procura de resgatar um ator que participou da trilogia prequel, acabamos ganhando uma série cujo protagonista é alguém sem nenhum carisma. Essa parte é parcialmente salva pela ótima Ming-Na Wen, entregando, com sua Fennec, uma das personagens mais badass de Star Wars.
Não é que O Livro de Boba Fett seja uma série ruim. Eu me diverti na maioria dos episódios. Grande parte das cenas de ação são boas e a qualidade de produção continua alta, como é padrão das séries da Disney. Mas em diversos momentos eu sentia que estava assistindo um filme do Steven Seagal em uma sessão de filmes de sábado da Band. A série só vai melhorar mesmo lá para o final quando eles tiram, do nada, três episódios que poderiam muito bem estar na próxima temporada de Mandalorian. Me parece que os produtores viram que a série não estava agradando e tinham um plano B, onde o personagem de Boba Fett praticamente some para desenvolver a história de Din Djarin e Grogu. Além disso, outras participações especiais também aparecem para apimentar ainda mais a história.
Eu me odeio por gostar da série somente quando ela me joga vários fan service e aparições especiais de personagens famosos. Queria algo novo, mas o que entregaram não foi muito legal. O Livro de Bobba Fett é uma série mediana que recebe uma ajudinha do Mandalorian para ficar legal no finalzinho. Dave Filoni continua a expandir seu próprio universo de Star Wars e estou empolgado para o que vem por aí, mas esse foi um capítulo mais brando desta história maior.
PS: Ludwig Göransson consegue mais uma vez entregar um ótimo tema de personagem utilizando referências de velho oeste. Vale assistir aos episódios pelo menos pra ouvir essa música.