O Jogo (The Game You Never Play Alone) - crítica da série indiana na Netflix O Jogo (The Game You Never Play Alone) - crítica da série indiana na Netflix

O Jogo (2025) | Crítica da Série | Netflix

A Netflix estreou recentemente a série indiana O Jogo (The Game: You Never Play Alone), um suspense produzido no sul da Índia que mistura temas contemporâneos, como misoginia no mercado de trabalho, violência virtual e ataques de ódio, com a atmosfera de mistério típica dos thrillers criminais. Com sete episódios de aproximadamente 30 minutos cada, a produção busca discutir a relação entre a indústria de jogos, o assédio online e o papel da mulher em uma sociedade ainda marcada por tradições conservadoras. Confira a nossa crítica da série indiana da Netflix.

A trama de O Jogo, série indiana da Netflix

A história acompanha Kavya Rajaram (Shraddha Srinath), uma designer de jogos que alcança reconhecimento internacional ao criar o título Honey Ruin. Apesar do sucesso, ela enfrenta constantemente o machismo de colegas e da imprensa, que a relacionam mais ao marido Anoop (Santhosh Prathap), também designer, do que às próprias conquistas. Durante uma entrevista para um canal de games, Kavya vê sua carreira ofuscada por perguntas sobre sua vida conjugal, o que expõe de forma explícita a desigualdade de gênero que permeia o setor.

Ao mesmo tempo, Kavya se torna alvo de um grupo organizado de trolls chamado Vetti Pasanga. O assédio virtual, inicialmente visto por ela como inofensivo, ganha contornos mais perigosos após a premiação em que recebe um importante troféu. Na noite da cerimônia, depois de discutir com o marido sobre planos para o futuro da família, ela é drogada em um bar e encontrada desacordada em uma praia. A partir daí, a série se desenrola como um mistério, levantando suspeitas sobre colegas de trabalho, rivais e até pessoas próximas da protagonista.

Temas centrais da produção

Um dos pontos mais relevantes de O Jogo é a maneira como aborda a misoginia estrutural na sociedade indiana, refletida tanto na vida profissional de Kavya quanto no convívio pessoal. A série expõe como mulheres que se destacam em áreas dominadas por homens, como o desenvolvimento de jogos, precisam constantemente provar sua competência, enquanto seus pares masculinos raramente são questionados sobre vida privada ou escolhas pessoais.

Outro tema recorrente é o impacto do assédio virtual. A narrativa mostra como ataques online podem ultrapassar o espaço digital e se transformar em ameaças concretas. O thriller sugere que, em uma era de superexposição nas redes sociais, a violência simbólica pode facilmente escalar para consequências reais.

Atuação e personagens da série indiana Netflix

Shraddha Srinath entrega a interpretação mais sólida da série, conseguindo transmitir a vulnerabilidade e a força de uma mulher que busca reconhecimento por mérito próprio. No entanto, o restante do elenco apresenta desempenhos irregulares. Personagens como a inspetora Banumathy (Chandini Tamilarasan) têm potencial narrativo, mas acabam soando artificiais em alguns momentos. O mesmo ocorre com os conflitos familiares de outros núcleos, que nem sempre se integram de maneira orgânica ao suspense principal.

O Jogo (The Game You Never Play Alone) - crítica da série indiana na Netflix
Créditos da imagem: Netflix

A relação de Kavya com o marido Anoop é um dos motores da trama, mas, em vez de acrescentar camadas ao enredo, por vezes cai em estereótipos. Enquanto Anoop se mostra compreensivo em alguns momentos, em outros reproduz o mesmo machismo que a protagonista enfrenta em sua carreira, o que evidencia contradições, mas sem o devido aprofundamento.

Direção e ritmo narrativo

Dirigida por Rajesh M. Selva, O Jogo alterna boas ideias com execução desigual. Embora a proposta inicial seja instigante, a série sofre com problemas de edição e de fluidez narrativa. Diversas cenas parecem desconexas, como se fossem fragmentos reunidos sem um arco dramático consistente. Essa irregularidade compromete o impacto das reviravoltas, que deveriam sustentar o suspense.

Ainda assim, a ambientação no universo dos games indianos traz frescor para um gênero que costuma explorar cenários mais convencionais. Ao retratar os bastidores de uma indústria em crescimento no país, a série amplia o debate sobre como as mulheres são tratadas em espaços de inovação tecnológica.

Crítica: Vale a pena assistir a O Jogo na Netflix?

O Jogo (The Game: You Never Play Alone) tenta unir crítica social e suspense policial, mas entrega uma experiência mista – assista a série indiana clicando aqui. Por um lado, levanta discussões urgentes sobre machismo, violência digital e segurança feminina. Por outro, peca pela falta de coesão narrativa, personagens pouco desenvolvidos e direção irregular. O resultado é uma obra que tem relevância temática, mas que poderia explorar com mais profundidade as próprias ideias.

Para quem busca uma produção curta e com foco em questões sociais ligadas à indústria dos games, a série pode despertar interesse. Já espectadores que procuram um thriller envolvente e bem estruturado podem sentir que a execução não acompanha a ambição do enredo.