Disponível no Disney+, O Homem no Meu Porão (The Man in My Basement, 2025) marca a estreia da diretora Nadia Latif em longas-metragens e traz no elenco Willem Dafoe e Corey Hawkins. Baseado no romance de Walter Mosley, que também assina o roteiro ao lado da cineasta, o filme aposta em uma narrativa de suspense psicológico que mistura tensão racial, peso histórico e reflexões sobre memória e identidade. Leia a nossa crítica do filme:
A trama de O Homem no Meu Porão (The Man in My Basement, 2025)
A história acompanha Charles Blakey (Corey Hawkins), um homem negro que vive em Sag Harbor e atravessa um período turbulento. Sem emprego, endividado e prestes a perder a casa que pertenceu à sua família por gerações, ele se vê diante de uma proposta inusitada. Anniston Bennet (Willem Dafoe), um homem branco misterioso, oferece uma grande quantia para morar no porão da residência.
O que parecia uma solução prática se transforma em um jogo psicológico. Anniston constrói uma cela no espaço e passa a exigir que Charles cuide dele, levando comida e atendendo suas necessidades. A dinâmica entre os dois inverte papéis sociais e históricos, com Charles assumindo a posição de servidão dentro de sua própria casa. Aos poucos, a convivência desperta nele uma reflexão sobre os artefatos ancestrais guardados na família e o quanto vinha negligenciando sua herança.
Temas centrais e escolhas da direção
Nadia Latif constrói um filme que dialoga com temas como racismo estrutural, mercantilização da história e a dificuldade em romper ciclos de opressão. A presença dos artefatos na trama não é apenas decorativa, mas representa um elo entre passado e presente, questionando até que ponto a preservação cultural resiste diante da necessidade econômica.
No entanto, a adaptação enfrenta desafios ao traduzir para a tela a densidade do texto de Mosley. O ritmo lento e a falta de ousadia visual tornam a experiência desigual. O horror psicológico, anunciado no início, perde força em determinados momentos, diluindo a tensão que poderia ser mais incisiva.
O peso das atuações de Corey Hawkins e Willem Dafoe
O grande trunfo do filme está na entrega dos protagonistas. Corey Hawkins traz intensidade ao retratar um homem dividido entre a sobrevivência imediata e o peso da herança familiar. Já Willem Dafoe constrói um personagem ambíguo, capaz de alternar charme e ameaça com naturalidade. A relação entre ambos sustenta a narrativa e mantém o interesse mesmo quando o roteiro parece hesitar.
Crítica: vale à pena assistir O Homem no Meu Porão no Disney+?
O Homem no Meu Porão não é um thriller convencional. Ao invés de apostar apenas no suspense, prefere explorar as implicações sociais e históricas do encontro entre Charles e Anniston. Essa escolha pode frustrar quem busca um terror direto, mas abre espaço para debates sobre identidade, memória e poder. No fim, trata-se de uma obra que encontra sua força nas atuações de Hawkins e Dafoe, ainda que a direção de Latif não consiga sempre traduzir o impacto do material original.