Lançada em 2020, a minissérie O Gambito da Rainha (The Queen’s Gambit) rapidamente se tornou um dos maiores sucessos da Netflix, alcançando milhões de espectadores em todo o mundo. Estrelada por Anya Taylor-Joy, a produção é baseada no romance homônimo de Walter Tevis, publicado em 1983, e acompanha a trajetória de uma órfã que descobre no xadrez uma forma de dar sentido à vida ao mesmo tempo em que enfrenta o vício em tranquilizantes. Leia a nossa crítica da série:
Com apenas sete episódios, a série conseguiu unir dramaturgia envolvente, estética refinada e ritmo acelerado, tornando-se um marco entre as minisséries originais do streaming.
O Gambito da Rainha: uma história de amadurecimento e superação
A trama acompanha Beth desde a infância, quando, após perder a mãe em um acidente, é enviada a um orfanato. Lá, ela conhece o zelador Sr. Shaibel (Bill Camp), responsável por introduzi-la ao universo do xadrez. Paralelamente, a jovem desenvolve dependência dos remédios tranquilizantes distribuídos às crianças da instituição, um vício que a acompanhará por toda a vida adulta.
Interpretada inicialmente por Isla Johnston e depois por Anya Taylor-Joy, Beth cresce enfrentando a solidão, o trauma e os obstáculos de uma sociedade patriarcal. O talento extraordinário para o xadrez abre portas para torneios nacionais e internacionais, mas cada vitória é equilibrada por crises pessoais, recaídas e dilemas existenciais.
A série mistura o fascínio pelo jogo com o drama humano, tornando a jornada de Beth compreensível mesmo para quem não conhece as regras do tabuleiro.
O peso da interpretação de Anya Taylor-Joy na série Netflix
O grande trunfo da minissérie está na interpretação de Anya Taylor-Joy. A atriz consegue transmitir emoções profundas por meio de olhares, gestos e silêncios, consolidando Beth como uma das personagens mais marcantes da televisão recente. Sua performance equilibra fragilidade e determinação, dando vida a uma protagonista que cativa tanto pela genialidade quanto pelas falhas.
O elenco de apoio também contribui para a força narrativa. Moses Ingram (Jolene), Marielle Heller (Alma Wheatley), Thomas Brodie-Sangster (Benny Watts) e Harry Melling (Harry Beltik) enriquecem a trama com personagens que orbitam Beth, oferecendo apoio, rivalidade e contrapontos em momentos decisivos.
Estética e ambientação de época
A recriação da década de 1960 é um dos aspectos que mais chamam a atenção. Figurinos, maquiagem e cenografia não apenas constroem o cenário histórico, mas também refletem o estado emocional de Beth. O visual sofisticado criado por Gabriele Binder e a direção de arte de Uli Hanisch utilizam cores, texturas e ambientes como extensões da psique da protagonista.
Outro elemento marcante é a forma como o xadrez é filmado. A edição de Michelle Tesoro transforma as partidas em sequências eletrizantes, capazes de gerar tensão e emoção comparáveis às de grandes filmes esportivos. O uso do CGI, que projeta estratégias no teto durante os devaneios de Beth, reforça a sensação de que estamos dentro da mente de uma prodígio.

O impacto cultural da série
Além de conquistar crítica e público, O Gambito da Rainha gerou impacto fora das telas. O lançamento coincidiu com o período de isolamento da pandemia de COVID-19, o que potencializou sua popularidade. O interesse pelo xadrez cresceu exponencialmente após a estreia, com aumento nas vendas de tabuleiros e maior procura por clubes e competições.
A série também foi celebrada por trazer uma protagonista feminina ao centro de uma narrativa em um ambiente historicamente masculino, discutindo questões de gênero sem abrir mão da complexidade dramática.
Por que não houve segunda temporada?
Apesar do enorme sucesso, O Gambito da Rainha nunca foi renovada. Isso porque a produção foi concebida como minissérie, com base em um livro independente. O arco narrativo de Beth chega a uma conclusão satisfatória, evitando a diluição da história em tramas repetitivas.
Esse encerramento definitivo acabou reforçando o legado da obra. A ausência de novas temporadas preserva o impacto emocional e estético da minissérie, que pode ser revisitada inúmeras vezes sem perder relevância.
Crítica: O Gambito da Rainha, da Netflix, continua atual?
O Gambito da Rainha é mais do que uma série sobre xadrez. É uma narrativa de amadurecimento que combina drama pessoal, vício, superação e genialidade. A força da atuação de Anya Taylor-Joy, aliada à estética detalhista e ao ritmo ágil, transformou a minissérie em um fenômeno cultural que permanece como uma das produções mais marcantes da história da Netflix.
Com sete episódios, é uma experiência intensa e completa, que mostra como a busca pela vitória em um tabuleiro pode refletir a luta pela própria identidade.