O agora dura pouco, mesmo na Eternidade
Existem livros que vão embalar você durante a leitura e ficar na sua memória durante anos. Existem livros que vão ser esquecidos em alguns meses. E existem livros que vão ficar não somente na sua memória, como na de toda uma geração e as que vierem depois dela. É assim que você se sente quando se depara com um clássico como O Fim da Eternidade, de Isaac Asimov, publicado em 1955 e ainda tão atual para a nossa geração.
O começo é lento e um pouco confuso, não vou mentir. Asimov não apresenta as regras daquele mundo futurista logo quando iniciamos a leitura e vamos entendendo pouco a pouco. Quando já estamos entendendo o que é a Eternidade é quando a história começa a engrenar.
Andrew Harlan é um Eterno, assim como todos os outros que vivem na Eternidade. Eles são pessoas comuns que foram retiradas do seu tempo normal para trabalharem com Mudanças de Realidade em outros séculos. Eles viajam no tempo para deixar a humanidade num estado de equilíbrio, ou seja, se percebem uma guerra em um determinado século, os Eternos estudam as causas e provocam Mudanças de Realidade nos anos ou séculos anteriores para deter esse destino.
Isso faz com que as pessoas de um século inteiro mudem totalmente ou até não existam depois dessa mudança. Eles têm até como saber quem um indivíduo será em outras realidades.
O nosso tempo, século 21 (no caso do autor, o século 20) , faz parte de uma era primitiva para eles. Harlan, no entanto, adora estudar esse tempo, de quando as coisas não podiam ser alteradas e a humanidade precisa cometer erros para aprender com eles.
Ocasionalmente, perdia-se num mundo onde vida era vida e morte, morte; onde um homem tomava decisões irrevogáveis, onde o mal não podia ser evitado, nem o bem fomentado.
Página 22
Então dá pra ver que os Eternos são pessoas extremamente frias e solitárias. Eles vivem somente a hierarquia existente dentro da Eternidade, mas não se importam que as vidas no tempo comum possam deixar de existir para que outra Realidade possa se tornar vigente.
É aí que Harlan conhece a misteriosa e encantadora Noÿs e todo o controle que ele achava que tinha vai por água abaixo. As coisas que ele é capaz de fazer – ou destruir – para poder viver um amor que nem sabia que podia existir são impressionantes.
-Temos nossas máquinas de Computação, Noÿs; Computaplexes muitíssimos mais precisos do que qualquer um já desenvolvido em qualquer Realidade. Eles Computam as possíveis Realidades e classificam os aspectos desejáveis de cada uma, de acordo com a soma de milhares e milhares de variáveis.
– Máquinas! – disse ela, com escárnio.Página 116
Nesse ponto, a história começa a dar várias guinadas.
Enquanto o começo segue a monotonia da vida de Harlan, o restante de O Fim da Eternidade parece acompanhar o turbilhão de sentimentos que ele está vivendo e nos joga no meio de incríveis reviravoltas até o ápice no final do livro. Até aí, você sabe que está lendo um grande clássico da ficção científica, mas o final é que mostra porque esse livro é literatura, afinal de contas.
O Fim da Eternidade é um clássico que merece esse título. Vale muito a pena lutar com as primeiras páginas para se deparar com a incrível reflexão sobre a humanidade que esta história nos traz. E para quem já ama ficção científica, é leitura obrigatória.
Informações Técnicas
- Título: O Fim da Eternidade;
- Assunto: Ficção Científica;
- Editora: Aleph;
- Número de Páginas Total: 255 páginas;
- Publicado em: 2007;
- Edição: 1ª;
- Tipo de Capa: Brochura;
- Idioma: Português.